Zumbi do Mato é um grupo de rock experimental formado no Rio de Janeiro em 1989. Sua formação original: Lois Lancaster (vocal), Marlos Salustiano (teclado), Zé Felipe (baixo) e Bernardo Carvalho (bateria). Atualmente consiste de Lois Lancaster, Gustavo Jobim (teclado), André Mansur (baixo) e Renzo Braz (bateria). Até 2010, lançaram três álbuns de estúdio e um ao vivo. A banda, apesar de ter passado por diferentes formações, manteve um estilo incomum. Isto colaborou para que o Zumbi do Mato mantivesse um grupo fiel de fãs e se estabelecesse como uma das mais importantes bandas do cenário alternativo carioca.
Zumbi do Mato é conhecido por suas letras, caracterizadas por uma insólita e bem-humorada fusão de erudição filosófico-literária e banalidade (gírias, palavrões, kitsch em geral). Algumas de suas músicas mais conhecidas são O Alien Que Veio Pro Espaço, Potinho De Anhanha, Tiroteio Do Esqueleto Sem Cabeça, Buraco Do Jabor, O Espírito Do Rato e Primo Pobre Do Kassin.
A sonoridade da banda é peculiar graças à combinação dos mais diversos gêneros musicais (Punk, Jazz, Reggae, MPB, música erudita) e sobretudo graças à não utilização da guitarra, que normalmente é o instrumento principal numa banda de rock. Os instrumentos são bateria, baixo, teclado e voz, além de um trombone em algumas músicas. Embora a maioria das canções tenham duração média de apenas 2 minutos, costumam ser expandidas nas apresentações ao vivo, através de novos arranjos e improvisações.
História
Anos 1990
A banda ganhou notoriedade no início dos anos 1990 quando seus primeiros lançamentos, as fitas cassete intituladas Zumbi do Mato e Macacomóvel, ganharam o país através de cópias piratas. O grupo fez shows em cidades como Campinas, São Paulo, Salvador, Ubá e Curitiba. O fenômeno chamou a atenção de BNegão (Planet Hemp), que convidou o grupo para participar de sua gravadora, Qualé Maluco Records.
Desta parceria surgiu o primeiro álbum, Menorme, lançado em CD em 1998, no qual encontram-se fundidas influências artísticas as mais diversas: das estéticas Beat e Trash (William Burroughs, Ed Wood e o ruidismo etílico de Tom Waits) via Zé Felipe (baixista), até o rock progressivo (Frank Zappa, King Crimson + Arrigo Barnabé) via Lois Lancaster (vocalista); do Freejazz e da música erudita contemporânea (Ornette Coleman, Iannis Xenakis, John Cage, Philip Glass) via Marlos Salustiano (tecladista), até a MPB, o Afro-beat e a Motown (Jards Macalé, Fela Kuti, Stevie Wonder) via Bernardo Carvalho (baterista).
O disco apresentou uma mistura de canções curtas e vinhetas sonoras cômicas, com alta variedade melódica e temática; contrastando com essa estrutura fragmentária, a última faixa, As Primeiras Células da Vida, tem 20 minutos de duração. Este padrão foi seguido por todos os álbuns de estúdio seguintes. Menorme reúne muitas das músicas mais conhecidas do grupo, como O Alien Que Veio Pro Espaço, Potinho de Anhanha, Amado Sanduíche, Zumbi do Mato, Mongo, Travestibular e Pagando Mico.
Vale lembrar que em 1995, o Zumbi participou do programa LADO B NO VERÂO, da MTV (então ancorado pelo VJ Fábio Massari), no qual além de uma entrevista, teve a oportunidade de tocar 2 canções de seu repertório e, ao final, fazer uma jam com as bandas Dash e Planet Hemp.
Menorme rendeu reações positivas como: “[Zumbi do Mato é] a banda mais importante da música popular brasileira” (Rogério Skylab) e “[Menorme] é o ponto de convergência de diversos aspectos do pop carioca, uma das 25 pedras fundamentais do indie brasileiro” (Alexandre Matias). Ainda no mesmo ano, o grupo participou da 4ª edição do conceituado festival Goiânia Noise.
Anos 2000
Em 2000 surgiu o segundo CD, Pesadelo na Discoteca (Tamborete Records), que contou com várias participações especiais, como Bruno Gouveia (Biquíni Cavadão), Cecília Gianetti (Casino), Junior Tostoi (Vulgue Tostoi) e Rogério Skylab. O novo baterista Henrique Ludgero, de formação clássica, com sua perícia e precisão técnica ajudou a incrementar ainda mais os complexos elementos rítmicos típicos do som do Zumbi do Mato. A mistura rendeu canções únicas como o hit Peidão, onde polirritmos percussivos, linhas de baixo sinuosas e melódicas e um approach pianístico fortemente influenciado pelo Freejazz nos teclados se misturam a uma letra debochada, tudo numa canção de menos de dois minutos. O álbum foi marcado também pela inclusão de faixas com maior experimentação sonora (numa clara radicalização voltada para a fusão entre Freejazz e Techno) com batidas eletrônicas e manipulações de estúdio, como Bufufú, Garão Tesé e A Única Música Ruim Que A Gente Fez.
Na mesma época, a banda participou de programas de rádio, como Ronca Ronca (Maurício Valladares) e EP Vanguarda, e de TV, como Programa Lado B (João Gordo, MTV), Caderno Teen e Atitude.com (TVE). Em 2001 os shows do Zumbi do Mato com as bandas Brasov e Skylab foram eleitos pelo Jornal do Brasil os melhores de 2001, ao lado de Caetano Veloso.
Ainda em 2001 Marlos Salustiano, tecladista da formação original, deixa a banda para seguir carreira solo.
O grupo participou dos dois primeiros álbuns do projeto Tributo ao Inédito, que reuniu grupos alternativos cariocas. Estes dois álbuns foram eleitos pelo jornal O Globo os melhores de 2003.
Em 2005 o grupo lançou o CD Adorei a Mesinha e uma reedição de Menorme, com o clipe de O Alien Que Veio Pro Espaço, dirigido por Christian Caselli, como bônus. Em Adorei a Mesinha, o novo tecladista Ricardo Dias colaborou para trazer uma sonoridade mais homogênea; outra novidade foi a inclusão do trombone, amadorescamente improvisado por Lois Lancaster (voz) em músicas como Meu Filho Diferente e Finja Que Não Está Ouvindo Isso. No mesmo ano, o grupo retornou ao Goiânia Noise, com um show que foi considerado um dos melhores do festival.
2008-presente
Toma, Figurão (2008), primeiro álbum ao vivo, trouxe novas mudanças na formação, com a chegada de Renzo Braz (bateria), com passagens por diversas bandas de rock, e Gustavo Jobim (teclado), de influências minimalistas. Aproveitando estas mudanças, o álbum trouxe novos arranjos para alguns clássicos do grupo e oito músicas inéditas, com um som mais simplificado, como em Mestre do Gandalf e Pensou Que Foi Comigo. Seguindo as novas tendências do mercado, o disco foi disponibilizado gratuitamente no formato mp3, no site da banda.
O baixista da formação original, Zé Felipe, deixa o grupo em 2009, dando lugar a André Mansur (Laura Palmer). A banda se encontra em fase de reestruturação e criação de novas músicas.