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Geremia, O Guardião

Zoroastro

Sou o Geremia guardião
Sete anos sem a luz do sol
Sete a zero foi a decisão
Sem apelo e sem revisão

Vivo um momento nesse astral
Uma fada vem me visitar
Um segredo eu tenho pra contar
Ela veio para me salvar

Livre da masmorra até que enfim
Hoje foi o dia do alvará
Sete anos loucos na prisão
Pagos por um crime que não há

Queira Deus ouvir minha oração
Trago no meu peito muita dor
A língua ferina me atingiu
Vítima eu fui desse horror

Doces de mentira eu ganhei
Bolos de angústia engoli
Bombocados de ingratidão
Nesse tempo fui muito infeliz

Bocas me chamavam de ladrão
Dedos me apontavam meu irmão
Que vida tirana enfrentei
Tudo em defesa de voces

Hoje eu saí dessa prisão
Laços desmancharam ao meu redor
Ramos da mandrágula no chão
O bruxedo tem forte fedor

Tempos que não há mais de voltar
Passo no passado uma vez
Vejo a cortina se fechar
Aos que me pisavam com voces

Nem minha pequena escapou
Da matraca da língua voraz
Que um dia até se ajoelhou
Para que não mais houvesse paz

Filhos, ter por tê-los, não terei
Nessas águas não me batizei
Matos pelas costas eu levei
Tive sentimentos e chorei

Algo para me afugentar
Forças que me mandam para o mar
Mas, no mar tem minha Janaína
Que me ofertou seu patuá

Não bastaram os anos na prisão
Querem ainda me acorrentar
Se eu fraquejar será meu fim
Eu não vou quebrar nem envergar

Tenho duas flores pra regar
Uma ainda em forma de botão
Eu preciso me distanciar
Dos que me afetam o coração

Sou o Geremia guardião
Sete vezes sete perdoei
Eu somente espero um galardão
Sempre livre como eu sonhei

No sete do sete eu nasci
Sou um carangueijo, vejam só
Hoje eu me sinto um colibri
Mas, já fui um trapo que faz dó

Lindos são os sonhos de amor
Temos que na vida acreditar
Deixo para trás o que passou
Vamos nos amar, oh meu amor
Vamos nos amar, oh meu amor
Vamos nos amar, oh meu amor
Vamos nos amar, oh meu amor

Composição: Paulo Freitas Bittencourt Vieira Zoroastro





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