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Biografia de Zombies

Se os colocarmos em comparação com as outras bandas inglesas da época, o que temos? Cinco “nerds” com aquela cara de fugidos da escola, eles não tinham a presença magnética dos The Beatles; nas imagens de programas de TV da época, o líder musical da banda, Rod Argent, mal é enquadrado pelas câmeras, e o vocalista Colin Blunstone, cantando afetadíssimo (quase efeminado), não chega nem perto do sex appeal de um Mick Jagger. Não destruíam instrumentos no palco como The Who nem tinham aquela coisa fofinha dos Herman Hermits, e não tinham o cunhado de Paul McCartney na banda (como Peter Asher, da dupla Peter and Gordon). A maior parte de suas letras(principalmente as do período 64-65) é sobre despeito e dor de cotovelo; nada do divertido sarcasmo de um Ray Davies dos The Kinks. E daí? The Zombies foi uma das melhores bandas dos anos sessenta, com sonoridade pra lá de jazzy, os vocais mais belos das terras da Rainha, arranjos sensacionais de teclado, delicadas guitarras de Atkinson, canções emocionantes de Rod Argent e de Chris White. Tente resistir a “She’s Not There”, “Tell Her No”, “Time of The Season”ou “Beechwood Park”...

Quinteto inglês formado em 1962 por Rod Argent (teclados e compositor da banda), Hugh Grundy (bateria), Paul Atkinson (guitarra), Paul Arnold (baixo, em seguida substituído por Chris White, que veio a ser também importante compositor), colegas de universidade. Os Zombies estouraram nas paradas mundiais na carona da “Invasão Britânica”.

No fim de 1963, eles vencem um concurso de bandas cujo prêmio é a gravação de um disco pela Decca (a que recusou os Beatles), filiada à gravadora London. Gravam uma cover de Summertime (Gershwin), que é posta de molho em favor de lançarem como primeiro compacto She’s Not There (de Argent), com You Make me Fell Good (Chris White) no lado B. No mesmo ano, sai o primeiro disco, The Zombies, somente na Inglaterra; no ano seguinte, o segundo álbum é lançado também na América. Ao longo de 1964 e 1965, vão para as paradas de todo o mundo com vários singles, como Nothing’s Changed (que aqui no Brasil saiu numa coletânea beneficente da London reunindo seus maiores artistas como Them, The Rolling Stones, Lulu e Tom Jones em prol de uma associação filantrópica de críquete!).

Entre 1966 e 1967, passam por uma fase de vacas magras (nenhum hit fora do Reino Unido a partir de She’s Coming Home), desentendimentos com o produtor Ken Jones e... notas horríveis na faculdade. Ainda assim, tanto Argent quanto White estão compondo mais e melhor (letras e arranjos mais maduros) e entram em Abbey Road em dezembro de 1967 para gravar Odessey and Oracle. O álbum sai em julho de 1968.

A faixa de trabalho escolhida, a bela Care of Cell 44, escrita para uma garota que está na cadeia, fracassa nas paradas e é anunciado o fim oficial do grupo. Acontece que uma rádio americana - dizem até que foi por um erro do disc-jóquei, que teria confundido com outra canção de nome parecido pedida por um ouvinte – passa a tocar a faixa Time Of The Season, que estoura entre a segunda metade de 1968 e o início de 1969, tornando-se um hino da juventude flower power.

Daí em diante, Odessey and Oracle vende horrores. A CBS chega a oferecer então um contrato milionário para que os Zombies se reúnam e produzam mais material, só que nessa altura, Rod Argent e Chris White já estavam noutra (no fraquinho projeto Argent), Colin Blunstone tentando carreira solo, e por aí vai. Well, it’to late to say I´m sorry, como os próprios Zombies dizem em She´s not There... Ficam para a posteridade a infinidade de coletâneas e a bela reedição em Cd do Odessey and Oracle, com quatorze faixas bônus.