Zelito Miranda reúne cultura nordestina em seu novo show que se transformou em um DVD, gravado em novembro ultimo, na Concha Acústica do TCA, onde milhares de pessoas encheram de alegria a e assistiram a um belo espetáculo de dança e música, tendo como pano de fundo um grande passeio pela cultura nordestina.
O repertório de 24 canções trouxe releitura de clássicos do forró e arranjos arrojados, sampleados do pé-de-serra aos acordes da inconfundível guitarra do Rock'n'Rool. Mistura que reproduziu o liquidificador cultural da carreira de 25 anos do cantor, compositor, cordelista e forrozeiro que tem 10 discos gravados e acumula experiências marcantes como a participação no encontro de trios e desfile no Carnaval de Salvador e como não podia faltar, nas grandes praças das festas de São João. O show foi enriquecido por montagens teatrais, cenário rústico, balé e iluminação futurista. A combinação entre o tradicional e o moderno deu o tom também ao repertório de Zelito, responsável pela fusão de ritmos que caracterizam o forró temperado, criado por ele.
A abertura do espetáculo surprendeu o público com uma encenação da procissão que antecedia as festas de São João no interior, ainda em sua origem. A partir daí, Zelito comandou a apresentação demonstrando grande performance e sincronia com a montagem. Para acompanhar o seu ritmo, o cenógrafo e diretor artístico Roberto Espíndola, criou um ambiente rico em elementos da cultura nordestina, do cenário ao figurino. Entre uma apresentação e outra, os dançarinos usavam roupas ilustrativas das manifestações populares do nordeste, presentes na música e na coreografia.
Passos de capoeira, maracatu, caboclinho, xaxado, arrasta-pé, baião e da tradicional quadrilha retrataram no palco um pouco do que é apresentado em cada canto do nordeste. "Apostamos em um cenário de linguagem expressiva e moderna, que são símbolos do trabalho singular de Zelito", definiu Espíndola. A usual cortina foi restilizada e ganhou ares rústicos com pano de estopa e tinta fosforescente para refletir os efeitos da iluminação, que realçava o roteiro da montagem com símbolos novos e antigos do nordeste.
Um dos momentos mais marcantes do show foi a releitura produzida por Zelito para um hino do forró: Asa Branca. Os arranjos feitos com o som dos quatro cantos do mundo, reproduzindo a música-símbolo do nordeste, encantaram o público. Em ritmo japonês, espanhol, argentino ou francês a Asa Branca decolou e premiou o público com a sutileza corporal e figurino nipônicos, a sensualidade da dança flamenca, a sedução do tango e a provocação cancan.