Dorme, fecha este olhar entardecente,
Não me escutes, nostálgico, a cantar
Pois não sei se feliz ou infelizmente
Não me é dado, beijando, te acordar
Dorme, deixa os meus cantos delirantes
Dorme, que eu olho o céu a contemplar
A lua que procura diamantes
Para o teu lindo sonho ornamentar
Na serpente de seda dos teus braços
Alguém dorme, ditoso, sem saber
Que eu vivo a padecer
E o meu coração feito em pedaços
Vai sorrindo ao teu amor
Mascarado dessa dor
No teu quarto de sonho e de perfume
Onde vive a sorrir teu coração
Que é teatro da ilusão
Dorme junto a teus pés o meu ciúme
Enjeitado e faminto como um cão