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A Moça do Carro De Boi

Zé Fortuna E Pitangueira

Velho carreiro ao parar de carrear
Pra sua filha o comando ele entregou
E aqueles bois se acostumaram com a moça
De tal maneira que jamais ele encalhou

Podia estar no lamaçal mais perigoso
Bastava ela dar apenas um sinal
Pra se ouvir cocão gemer dentro do barro
E os bois tirando o carro do terrível pantanal

Somente à moça a boiada obedecia
Sem o seu grito o velho carro não saía
Somente à moça a boiada obedecia
Sem o seu grito o velho carro não saía

Um dia a moça adoeceu e aqueles bois
Outro carreiro não queriam respeitar
Era preciso que ela viesse à janela
E desse ordens pra boiada caminhar

Até que um dia sem ouvir a voz da moça
Puxaram o carro a passos lentos pela estrada
Por ter levado o seu corpo num caixão
Qual uma flor de estimação pra sua última morada

Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além tocando boi
Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além tocando boi

Daquele dia tudo se modificou
Tanta tristeza tomou conta do lugar
O velho carro que era dela silenciou
E a boiada nunca mais quis carrear

De sentimento por perder a companheira
Foram morrendo um a um pelos currais
Quem somos nós pra entender tamanha dor
Como cabe tanto amor nos corações dos animais

Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além chamando boi
Este mistério ninguém sabe se não foi
A voz da moça do além chamando boi

Composição: Carlos Cezar e José Fortuna





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