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Os Doze Valentões

Zé Barth

Agora eu vou contar uma história
Que já está quarenta anos aqui engasgado
Foi num final de semana
Que doze amigos foram num baile dançar
Lá na casa da cardosa

Eu e o jaime desviamos dos amigos
E fomos roubar galinha na casa da dona rosa
Enchemos o bucho, e depois nós decidimos
Ir neste baile também
Mas na curva perigosa tavam voltando
Os nossos doze amigos vinham num papo danado
Êta, gentinha teimosa

Pela conversa sabia que eles brigaram
Um mais valente que o outro, por causa de uma gostosa
Pensei na hora: É hoje que eu quero ver
Estes valentes correr para deixar de ser prosa
Eu nunca vi coisa mais linda, parecia o estouro de uma boiada
Falei pro jaime: Vamos se esconder no mato
A hora que eles passar, vamos gritando de atrás

Pois não deu outra, passaram só se gabando
Eu dei nesse, eu dei naquele, era quem podia mais
Passaram todos e nós fomos atrás
Gritando, chamando tudo que é nome, como se fossem os rivais
Não ficou um, até saíram tropicando
E nós fomo perseguindo, isto era lindo demais
Deu dois quilômetros, já com a língua de fora
Tavam quase desmaiando e implorando por paz
Chamaram então o seu henrique
E o aurino traga arma e munição pra atirar nos marginais

Naquelas horas da noite
Conseguiram acordar a vizinhança toda
Isso deu umas quarenta pessoas pra nos pausiar
Isto era feio, até parecia uma guerra
Facão, revolve, espingarda, nós pertinho se calamos
Já se ajuntaram numas quarenta pessoas
E um dizia pro outro: Agora nós enfrentamos
Pensei ligeiro: Daqui a pouco eles atiram
Vamos se identificar antes que chumbo levamos

Demos risadas até eles conhecer
Ficaram envergonhados da chacota que tiramos
Falamos assim: Onde estão os valentões
Aí tem doze cagões, e quase que apanhamos
Este é um caso verdadeiro, eu não minto
Só não fiz a moda, antes diziam nós te matamos

E hoje eles não matam mais nem uma mosca
A metade já foram falar com são Pedro
E a outra metade tá tudo uns uns barrigudões
Pronto pra se entregar pra Jesus






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