Xirú Missioneiro
Vaneira
Num fim de tarde eu chegava do campo
E dei uns grito: - Cadê a Marcolina;
Revirei por tudo que foi canto
Mas já vi de pronto, fugiu minha china.
Faz uns versos pra mandar pra rádio
De nervoso eu nem pude cantar
Nem sei mesmo se tava rimado,
Mas era um recado pra nega voltar.
Que não fosse minha nega eu te disse
Que te trouxe pra ficar aqui;
Tu bem sabe que o rancho foi feito
Com todo respeito prás cria e pra ti.
Se soubesse daquilo que se passa,
Tu não tinha fugido, sua tonta
Teu cachorro, teu guacho e teu gato
Se foram pro mato, tá tudo por conta.
Vou dar uma dica da minha Marcolina
Bem magra e alta e ter um bom perfil; .
Umas duzentas gramas de beiço,
E o cabelo parece um bom bril.
Pois pra mim até nem quero que volta
Mas prás crias tu tem que voltar,
Que o Juvêncio, o Bastião e o Juvino
Já estão bem magrinho de tanto chorar.
Ela ouviu os meus versos na rádio
E uma tarde que eu não esperava –
Desceu da linha uma china galã
De solto e raibã, Marcolina voltava.
Vai entrando que aporta tá aberta
Quanta coisa tá aqui te esperando
Uma festa pra ti e prás crianças
E depois uma dança no talo do mango.
Com carinho de mango eu te ajeito
Tu vai ter que ficar mais uma dia
Se não ensaca teus trapos na mala
Te tapo de bale e te mando a la cria
A minha nega entendeu meu sufoco
Jurou nunca mais em deixar sozinho
Cai a noite e a nega vira em chama
Me incendeia a cama de tanto carinho.