O country sempre esteve entre os mais genuínos e tradicionais gêneros da música americana, tanto quanto blues ou jazz. O surgimento do rock na década de 50 acabou por transformar a música americana e abrir novas possibilidades. Uma delas foi o que aconteceu no final dos anos 60 com o surgimento do country-rock, ou seja, bandas/artistas com a atitude e a postura do rock, tocando músicas de influência country. Os exemplos mais notórios são Gram Parsons (tanto no The Byrds, onde participou do disco Sweetheart of the Rodeo, quanto na banda Flying Burrito Brothers e em sua carreira solo) e Neil Young.
Nos anos 70, apesar da carreira solo impecável de Gram Parsons e do consistente trabalho de Neil Young, o country-rock caiu em descrédito. Bandas como o Eagles usaram influências do country-rock para criar um som grandioso e essencialmente comercial, feito para as massas sem nenhum conteúdo de contestação ou ousadia. Se o Eagles teve o sucesso que pretendia e uma carreira bem sucedida, o country-rock já não despertava tanto interesse nas novas gerações, o que ficou ainda mais evidente depois do surgimento do punk rock.
Somente no final da década de 80 é que os roqueiros passaram a invadir o território da música country novamente. E foi o Uncle Tupelo a principal banda responsável pela redescoberta, ao longo de uma carreira bastante influente e aplaudida, chegando a lançar 4 álbuns. O mais bem-sucedido deles, Anodyne, de 1993 vendeu apenas 40mil cópias, mas a importância do Uncle Tupelo vai muito além de sua repercussão nas paradas, influenciando uma série de bandas novas, numa cena que ficou conhecida como Alternative Country, ou Alt.Country.
O fim do Uncle Tupelo, em 1993, deu origem a duas bandas. Uma delas foi o Son Volt, do vocalista e compositor Jay Farrar, que teve uma bem-sucedida carreira durante os anos 90, encontrando-se hoje em hiato, sem gravar desde 1998. E a outra foi o Wilco, do também vocalista/compositor/guitarrista Jeff Tweedy com os demais ex-integrantes do Uncle Tupelo, o baterista Ken Coomer, John Stirratt (baixo) e Max Johnston (guitarra, bandolim, violino), além do guitarrista Jay Bennett.
O Wilco, que tem em Jeff Tweedy o seu líder e compositor, lançou seu álbum de estréia em 1995, intitulado “A.M.”, onde seguia os passos do trabalho anterior de Tweedy no Uncle Tupelo. O fãs da antiga banda não tiveram problemas para assimilar o som do Wilco, que embarcou em turnê por todo os EUA para promover seu trabalho. É possível dizer que o começo da trajetória do Wilco não teve as dificuldades que tradicionalmente acompanham bandas em início de carreira, como o problema de conseguir bons lugares para tocar, contrato com gravadora, reconhecimento do público e tudo o mais.
Com uma carreira estabelecida, o Wilco e seu líder Jeff Tweedy concentraram-se na música e o resultado foi o álbum duplo “Being There” de 1996. O disco foi aclamado pela crítica e levou o som do Wilco a cruzar as fronteiras do Alt Contry. Em “Being There” são evidentes influências diversas, da psicodelia ao power pop e até mesmo R&B, a serviço das boas e simples melodias de Teff Tweedy.
Tweedy é um cara dado a projetos paralelos, e um dos mais notáveis deles é o Golden Smog, um supergrupo de Minneapolis que lançou seu segundo álbum, Down By The Old Mainstream em 1996 , contando com a participação de Tweedy nos vocais (a banda já havia lançado um EP, sem Tweedy, em 1992). Completam a formação Gary Louris e Mark Perlman do Jayhawks e Dan Murphy do Soul Asylum. Em 1998, o Wilco colaborou com o cantor e compositor inglês Billy Bragg no álbum “Mermaid Avenue”, baseado em canções escritas por Woody Guthrie (artista folk de Oklahoma, já falecido que ficou conhecido na década de 40). 1998 também foi o ano do segundo álbum do Golden Smog, Weird Tales.
O terceiro álbum do Wilco só iria aparecer em 1999, “Summerteeth”, já sem Max Johnston, que deixou a banda logo após “Being There”. Mas a espera de três anos valeu a pena, o Wilco surpreende com um trabalho ainda mais consistente que seu antecessor. Nessa época o Alt Country já influenciava uma nova geração de bandas e artistas, como o Whiskeytown que revelou Ryan Addams. A mídia festejou o lançamento de “Summerteeth”, embora as vendas tenham sido apenas modestas, o que começou a gerar tensões entre o Wilco e sua gravadora, a Reprise.
“Summerteeth” apareceu com freqüência nas listas dos melhores discos de 1999, e o Wilco passou a ser considerado um dos grandes nomes da música americana contemporânea. Em 2000 é lançado do vol. 2 do projeto “Mermaid Avenue” com a participação do Wilco ao lado de Billy Bragg. Logo após o lançamento de “Mermaid Avenue vol. 2”, o baterista Ken Coomer deixa a banda, sendo substituído por Glenn Kotche.
A partir de 2001, passa a se concentrar na gravação de seu novo disco (durante as gravações, o guitarrista Jay Bennett também deixa o grupo). A partir daí, o Wilco torna-se protagonista de uma das histórias mais controvertidas da indústria fonográfica. Descontente com o desempenho da banda nas paradas (“Summerteeth” alcançou apenas o número 78 na Billboard), a gravadora Reprise ameaçou dispensar a banda, que trabalhava na gravação de seu quarto álbum, “Yankee Hotel Foxtrot”. Com o disco pronto, a Reprise recusou-se a lançar o álbum, por considerá-lo anti-comercial. O Wilco então conseguiu entrar em acordo com a gravadora, rescindindo o contrato da banda e comprando os direitos sobre “Yankee Hotel Foxtrot” por estimados 50 mil dólares (uma pechincha, que não cobre nem os gastos de produção).
Sem gravadora, mas com um disco pronto na mão, o Wilco entra em turnê para divulgar o álbum ainda não lançado e acaba fechando com a gravadora Nonesuch, que é afiliada a Warner. Detalhe: a Reprise também é afliada a Warner. Resumo da história: a Warner pagou duas vezes por “Yankee Hotel Foxtrot”, o adiantamento da Reprise e a posterior venda dos direitos no contrato com a Nonesuch. O Wilco agradece até hoje.
“Yankee Hotel Foxtrot” foi lançado em 2002 e foi novamente aclamado pela crítica, sendo considerado uma espécie de “Ok Computer” da música americana. A maior ironia é que o disco foi muito bem nas paradas, atingindo o número 13 da Billboard. Em setembro, o filme “I Am Trying to Break Your Heart”, que documenta os bastidores de “Yankee Hotel Foxtrot” é lançado nos cinemas americanos e, no final do ano, “Yankee Hotel Foxtrot” monopoliza praticamente todas as listas dos melhores de 2002. Para coroar o ano do Wilco, em 2002 foi lançado o primeiro trabalho solo de Jeff Tweedy, a trilha sonora do filme “Chelsea Walls”, composta e gravada pelo líder da banda.
2003 começa com todo o gás. Já em fevereiro sai o disco “Down With Wilco”, colabração da banda com o projeto Minus 5, de Seattle, que conta com Scott McCaughey (Young Fresh Fellows), Peter Buck (R.E.M.) e Ken Stringfellow (Posies).
Em 2004, a banda lança seu novo disco: “A Ghost is Born”. O disco é bem recebido por público e crítica, ainda que não seja tão festejado quanto “Yankee Hotel Foxtrot”. Após a sessões de gravação deste novo álbum, Leroy Bach deixou a banda. Dois novos integrantes foram adicionados: o multi-instrumentista Pat Sansone e o guitarrista Nels Cline. Fechando 2004, o grupo lança um Picure Book, que traz fotos de Michael Schmelling e um disco com canções inéditas.
Em 2005, o grupo passa boa parte do tempo na estrada divulgando seu mais recente trabalho, passando inclusive no Brasil, onde tocaram no Tim Festival, no Rio de Janeiro. No fim do ano, sai o disco ao vivo duplo “Kicking Television: Live in chicago”, gravado a partir de um show em sua cidade natal.
No ano seguinte, Tweedy dedica parte de seu tempo ao Golden Smog, que lançou “Another Fine Day”. Também Nels Cline e Glen Kotche se dedicam à projetos paralelos.
em 2007 eles lançam então Sky blue Sky.