Noite preta de dar medo,
Tivesse vindo mais cedo,
Para cruzar neste grotão,
Nem a sombra do cavalo.
Só escuto o som das esporas
E uma coruja me agoura
Na cabeça do moirão.
Sona vento o meu cavalo,
Talvez pressentindo algo,
Anunciando que há perigo.
Talvez o que ele enxergue
Ao meu ver é indiferente,
Ás vezes nos arrepia,
Parece tocar na gente.
Há cuentos da gauchada,
Que na boca da picada,
Muita gente já morreu.
Isto, nos tempos de guerra,
Estação firme na terra,
Manchas de sangue no chão.
Quatro “estação” perfilados,
Um maneador bem sovado
Muito vivente penou.
É por isto que nesta grota
Quem nela passa calado
Escuta um som diferente,
Entre rangidos de galhos,
Gemidos e gritos de gente.
Me saluda um quero- quero
Escuto um canto de galo,
Clareando a barra do dia,
Ouço em berro de terneiro
E um grito lá no potreiro
Do peão com a recolhida.
Noite preta de dar medo
Tivesse vindo mais cedo.