A música Começar de novo gravada por Simone foi tocada como tema oficial de abertura do seriado Malu Mulher, tonando-se um grande sucesso da época e um marco na história da MPB.
A carreira de Vitor pode ser divida em três grandes momentos: primeiro sua chegada a São Paulo e a mudança para o Rio de Janeiro; segundo quando conhece Ivan Lins e por último a fase como dono da gravadora Velas
.Isso durou muito tempo...minha vida...estava muito tranqüila vivendo para pesca, gravando bem, no exterior, mais sai veio a idéia de fazer a gravadora...
Esta idéia foi reforçada quando Vitor conheceu Ginga no ano de 1992,que tinha gravado seu primeiro disco. Vitor decide prensar, fazer o lançamento e distribuí-lo, para isto abriu junto com Ivan Lins e Paulinho Albuquerque a gravadora Velas. Seguiram-se ao Ginga, Ivan Lins, Leny Andrade, Edu Lobo,Beth Carvalho, Batacotó, Zé Renato, Boca Livre, Fátima Guedes, Rosa Passos, Tavinho Moura, Paulinho Pedra Azul.
Hoje Martins confessa, desanimado, que é impossível competir com a pirataria. Do bem aparelhado estúdio Galeão, no bairro da Mooca, em São Paulo (contato@estudiogaleao. com.br), montado em parceira com o filho, Gabriel, ele fala aos leitores da Revista Kalunga.
Em Ituverava (SP), . Lá, ensinou Ivan Lins a pescar e com ele constituiu uma dupla responsável por grandes sucessos no Brasil e no exterior. Elis Regina, George Benson, Ella Fitzgerald e Quincy Jones, entre outros, deram voz às suas canções.
Em agosto de 1995, conheceu Cuba atrás de um amigo, e descobriu a grande semelhança do povo cubano com o brasileiro. Vitor já tinha informações da década de 70 quando surgiu em Cuba a Nova Trova Cubana
...era como se fosse um balanço geral da música, como no Brasil já estava sendo feito.
Em sua visita a Cuba estableceu contatos com a gravadora EGREM
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,conheceu vários músicos e compositores, assistiu a shows e ficouimpressionado ...
foi o grande choque na minha vida, o que me encanta daquele povo é que não somente tocam como também eles estudam ...eu aviso aos meus amigos que tem que estudar, ler partitura, coisa que não me cabe, mau leio as minhas letras, o músico hoje em dia precisa saber disto...lá
[em Cuba]
gente com 23 anos já é professor na Universidade
É pai de três filhos: Rodrigo, Gabriel e Vitor. Desde 1992 é dono da gravadora Velas.
Não se considera um homem generoso e sim ‘grato’
Revista Kalunga - Como assim?
Faço um passeio por lugares por onde andei, visitando personagens reais, com os quais fiz um acordo. Alguns deles pediram para ir para outro livro e por isso há projetos para escrever mais cinco.
Revista Kalunga - Como chegou ao meio artístico?
Enquanto esperava pelo Banespa, trabalhei em 1966 no hotel Excelsior, no centro de São Paulo. Lá, conheci o Baden Powell, que na época fazia um grande sucesso com “Canto de Ossanha”. Como eu já escrevia músicas, tomei coragem e um dia fui falar com ele, que estava ao lado de um negro bem-vestido. Quando disse que compunha, ele me pediu que falasse uma de minhas letras. Ao se despedir, mandou que o procurasse em um endereço próximo da Rua Augusta.
Revista Kalunga - O que deveria ser feito?
A Marta (atual ministra da Cultura) tem que mudar a lei, não só do direito autoral, mas também no fonomecânico, de execução. É preciso resgatar a dignidade do CD, do DVD, do filme. Hoje só as multinacionais ganham; são elas que dominam o direito de execução das músicas.
Revista Kalunga -E como conheceu o Ivan Lins?
Foi através de uns amigos de pescaria. Ele queria aprender a pescar e eu me dispus a ensiná-lo. Pescávamos nas pedras do aeroporto Santos Dumont. Ele já estava na RCA Victor. Um dia, me perguntou se eu queria colocar letra em uma música sua. Em maio de 1974 compusemos “Abre Alas”, nosso primeiro sucesso. Começamos devagar, mas nessa época, “eu já tinha virado bandido” no meio.
Quando mudou para o Rio de Janeiro,conheceu Artur Berocai, Sueli Costa realizando com eles algumas composições.
Revista Kalunga - O governo é o maior culpado pelo problema?
Eu fui um dos que lutou muito por Lula. Sempre defendi o cara, quando todo mundo dizia que ele era um simples operário; não tinha estudo, não tinha cultura. Sei que ele ainda tem uma aceitação popular muito grande, mas hoje eu digo: para ser presidente tem que estudar, sim.
Revista Kalunga -Sucesso no passado, o que faz Vitor Martins hoje em dia?
Após um período de quase 15 anos parado, quando tive alguns problemas familiares, de que não quero falar, voltei a escrever. Estou preparando meu primeiro livro, de ficção, que é uma “autobiografia inventada”, baseada em fatos reais.
Nossa amizade tem raízes profundas.Não estamos ligados apenas pela música,mas sim pela afetividade,pelo respeito e pelo companheirismo.Nos conhecemos num período bravo, de ditadura,quando éramos vistos como comunistas por nossas posições humanistas" Ivan Lins
(Site cliquemsic)
Revista Kalunga - Você continuava em São Paulo?
Não, fui para o Rio de Janeiro. Como já conhecia muita gente do meio artístico, arrumei um trabalho na Sicam, uma sociedade arrecadadora de direitos autorais. Lá, compus com a Sueli Costa e o Artur Verocai, entre outros.
O encontro de Vitor com Ivan foi promovido pelo compositor Guarabira[da dupla Sá e Guarabira] em 1971, que apresentou os no Rio de Janeiro,começaram a pescar juntos e assim, estabeleceram a amizade.
Revista Kalunga - E quanto à música?
Também voltei a compor. O Ivan Lins (com quem fez parceira de sucesso durante muitos anos) quer morar em São Paulo. Quando estamos juntos, a nossa criatividade aumenta muito.
Revista Kalunga - Virou bancário?
Me chamaram para trabalhar no Banco do Brasil, em uma cidade de nome Candelária, no Rio Grande do Sul. Recusei e acabei no Banespa, onde fiquei apenas seis meses.
Vitor Martins e Ivan Lins convidados para ir aos Estados Unidos onde surgiu a oportunidade de gravarem suas composições em inglês, no ano de 1978.Viajam juntos para Los Angeles e realizaram trabalhos com Quincy Jones com quem posteriormente acabam-se associando na editora
Dinorah Music
, deste empreendimento surge o contato com: Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, George Benson, dentre outros. Deste encontro no ano de 1989 lançam um disco totalmente em inglês
“Love dance”
e simultaneamente no Brasil o LP “Amarsim” pela Polygram. (Enciclopédia da Música Brasileira, 1998: 447).
Como tantas outras composições da dupla, algumas das canções citadas tornaram-se sucessos nacionais com a ajudinha da TV Globo; a dupla Ivan/Vitor é uma das campeãs de participação nas trilhas sonoras das telenovelas da emissora. Ivan reconhece o débito. "(A Globo) sempre ajudou. É uma constante na minha carreira, aliás talvez eu, como compositor, tenha sido o que mais participou de trilhas no século passado (risos). Enquanto Boni era da Globo, eu e Tom Jobim fomos os que mais tinham músicas em novela. Devo até um agradecimento a ele, ele confiava muito no meu trabalho". IVAN LINS
..Eu me lembro sempre ouvindo rádio, sempre quealguém me perguntava, eu falava, eu vou ser compositor, querdizer eu não tinha a menor idéia... eu achava bonito quandoMario Lago era entrevistado na Rádio Nacional, aquilo erabonito, mais do que ser doutor... na minha casa nunca tevedisco, o que tinha era um radinho de válvulas... acho que criei minha profissão, escutando músicas da época; Orlando Silva,Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto, os grandes cantores da época, quando eu ouvia a música e não sabia mais a letra eu inventava uma em cima, quando via eu estava colocando letra em música. VITOR MARTINS
Ele comenta que o único profissionalismo que teve no Brasil, foi com canto orfeônico [criado pelo Vila Lobos] na década de 50.
Revista Kalunga - Foi o seu começo?
Ainda não. Imaginei que ele estivesse de gozação comigo e não fui procurá-lo. Um dia encontrei o negro, nada menos que Gilberto Gil, perto da Praça das Bandeiras, e ele perguntou porque eu não fora falar com o Baden. Fui, toquei a campainha e o próprio me aparece com o violão na mão. Entrei e ele disse: “Vamos trabalhar, vamos compor só duas músicas, pois o Vinicius (o poeta Vinicius de Moraes) é muito ciumento.” Me deu um frio na barriga, pois eu nunca havia composto acompanhado de um violão, ainda mais do Baden Powell. Minha sorte é que tocaram a campainha e apareceram o jornalista Alberto Helena Júnior, Frank Paulino e o Toquinho.
Chegou em São Paulo, foi trabalhar em casas editoras de música é quando de certa forma acabou se envolvendo com a música. Um dia encontrou o Baden Powell, na Praça da República perto do antigo Hotel Excelsior ...
eu cheguei e falei, oi Baden eu faço umas letrinhas o que você acha, ele estava do lado de um jovem muito simpático, eu mostrei e ele falou que bom eu vou fazer uns negócios com você, eu cheguei a passar mau...
Baden deu seu endereço para que Vitor o visitasse ...
passadas algumas semanas encontrei seu amigo que falou, Baden ficou te esperando, você não foi?
vai lá ele quer fazer música com você
...
esta pessoa simplesmente era Gilberto Gil, e o episódio aconteceu entre 1965 e 1966.
Esse pescador, palmeirense e católico fiel, de nome Vitor Martins é de Ituverava, interior do Estado de São Paulo, nasceu no dia 22 de outubro de1944, filho de Erbaldo Martins (alfaiate) e Alcira Menezes Martins (costureira).
Durante as três próximas semanas, o Teatro Rival BR (RJ) vai ser palco de uma comemoração especial. O cantor e compositor Ivan Lins apresenta o show Abre-alas, que marca os 30 anos de sua parceria com Vitor Martins. O nome do espetáculo remete à música número um da dupla, que somou, nesse tempo de amizade, mais de 300 composições. "Devo ter gravado umas 290, umas 20 foram gravadas por outros", contabiliza Ivan.
Revista Kalunga - Mas vocês fizeram sucesso com a gravadora Velas, fundada em 1991?
Posso dizer que sou o único cara que teve uma gravadora, bem sucedida aqui e lá fora, e até hoje mora de aluguel. Lançamos Lenine, Chico César, Guinga; gravamos discos de Zizi Possi, Rio Negro e Solimões, além de boxes de grandes nomes da música brasileira como Elis Regina e Noel Rosa. Mas é difícil competir com a pirataria, como já disse; um dia, o governo terá que ter controle sobre isso. No final, sobrou o piano para carregarmos…
Parceria com Ivan Lins teve seu marco de excelência no ano de 1977 com o lançamento do disco “Somos todos iguais” pela gravadora EMI/ ODEON. Esta relação com a gravadora durou até 1980.
Revista Kalunga - Você compôs com o Toquinho?
Quando o Baden me apresentou o Toquinho, disse: “Vocês podem trabalhar bem juntos”. Mais tarde fui à casa dele, no Bom Retiro, e como já tinha experiência, me deu uma grande força. Bem mais novo do que eu, Toquinho queria compor, mas eu ainda não sabia colocar letra em música. Na verdade, fui me moldando aos poucos, pois era um grande jacu. Ainda assim, compusemos juntos a música “Belinha”, que o Wilson Simonal defendeu em um festival.
Revista Kalunga - Você se formou em qual área?
Eu terminei o Ensino Médio em minha cidade natal (Ituverava/SP), mas não fui para a faculdade. Fiz um curso de laboratório de análise de solo e vim para São Paulo, em 1963, para trabalhar nessa área. Trabalhei durante um tempo até prestar concurso para o Banco do Brasil e o Banespa.
Suas composições deram nome a títulos de várias novelas da Rede Globo de Televisão: Começar de novo, Anjo de mim dentre outras. Outras foram também trilha sonora de novelas da mesma emissora.
A vontade de fazer música e mais precisamente letra sempre esteve muito presente. Finalmente compareceu na casa do Baden, que lhe disse,
...demorou hein, entre, vamos trabalhar...
para sorte dele foi entrando vários músicos Toquinho, Faro, Frank Paulino,
...aquilo me deu um alívio... Baden lhe disse, eu vou fazer uma confissão, ...eu vou fazer umas músicas com você por que o Vinicius é muito ciumento, eu não sabia dessas transas...
na época o Baden já era um músico famoso, tinha criados os afrosambas
...você tem que fazer música com gente da tua idade, você é um cara novo, tem o Toquinho...
Assim Vitor acabou fazendo umas músicas com Toquinho, posteriormente Carlos Castilho, Sergio Fayne.
Revista Kalunga - “Dinorah, Dinorah” tem outra história?
É verdade. Estávamos, eu e o Ivan, em uma pastelaria da Rua Santa Luzia, no centro do Rio, quando ouvimos um grupo cercando um cara, que falava sobre essa tal de Dinorah. Dizia ele que ela era uma bailarina surda e muda; era um grande mentiroso. Virei para o Ivan e disse: “Está pronta a letra.”
Revista Kalunga - Fale sobre “Somos todos iguais nesta noite”, que teve problemas com a censura.
Na época, a repressão era grande e o disco foi totalmente vetado na Polícia Federal. Só foi liberado graças à ação dos advogados da EMI Odeon. Na verdade, a música “Somos todos iguais nesta noite” foi a última a ser composta e acabou virando título do disco. Vou falar aqui uma coisa que ninguém comentou até agora: naquela época, o cara mais visado pela censura era o Taiguara, o único que batia mesmo de frente com eles. Quando descobriram isso, as gravadoras mandavam seus advogados na Federal para negociar mais ou menos nessas bases: libera essa música, que lhe dou duas do Taiguara. E os caras aceitavam. Acho até que havia gente que escrevia músicas fortes e falava que eram do Taiguara para negociar com a Polícia. Havia também os espertos, que divulgavam no mercado que o disco ia ser censurado para o pessoal comprar logo.
A cantora Elis Regina demonstrou sempre uma grande simpatia pela produção dos parceiros Ivan Lins e Vitor Martins, tanto que lançou várias músicas inéditas tais como: Aos nossos filhos, Cartomante dentre outras
Revista Kalunga - E a participação da classe artística?
Existia a Sombras, que tinha como diretores eu, Guarabira, Sérgio Ricardo e o Macalé; e como presidentes Tom Jobim e Hermínio Belo de Carvalho. Mesmo assim, não conseguimos fazer muita coisa; é uma tristeza. Atualmente, os compositores estão fora dos quadros das associações e os que entram estão mais preocupados em se perpetuar no cargo. Eu integro uma entidade chamada Abramus, mais organizada, mais transparente, mas ainda há muito para ser feito.
Comenta Vitor Martins que passado algum tempo Ivan falou ...
você vai fazer música comigo, eu já era amigo dele e falei mais você já esta fazendo música com Ronaldo
[Monteiro de Souza]. Ivan lhe responde...
ele não põe letra em música e você põe, então eu pensei valeu a pena escutar aquelas musiquinhas no rádio, já estava praticando, na verdade era um exercício, ...trabalhei com Ivan, fizemos uma parceria muito bem sucedida
,
coisas muito reconhecidas, “Abre Alas”,“Começar de Novo”, “Somos todos iguais nesta noite”, “Bilhete”, “Desesperar Jamais”, “Vitoriosa”, Lembra de mim”, “Anjo de mim” e uma porção de coisas de mim.
Revista Kalunga - E a história da sociedade com Quincy Jones?
Em 1978, fomos para os Estados Unidos com a ideia de abrir alguma coisa lá. Quem nos colocou em contato com o Quincy Jones foi o Paulino da Costa, grande percussionista, que já trabalhava com ele. Havia até a ideia de Michael Jackson gravar “Novo tempo”. O Quincy nos ligou e fomos (eu e o Ivan) até lá. Pretendíamos montar uma sociedade de editores, mas na hora de assinar o contrato, apareceu um advogado, um tal de Mason, com uma proposta bem diferente. Ele queria 5% do que produzíssemos a partir dali e de tudo o que já havíamos produzido antes. Por uma questão de dignidade não assinamos, e até hoje a história não ficou bem resolvida.
Revista Kalunga - A TV tem alguma influência nisso?
Antes, a referência era a Record, com seus festivais e musicais; hoje não tem mais isso. As novelas e outras coisas foram ocupando os espaços. Acho que faz falta na TV pelo menos um grande musical por semana.
Revista Kalunga - Como vê a situação da música brasileira atualmente?
Vejo um desânimo em todo mundo. A pessoa faz um disco, gasta uma grana e no final quem faz um sucesso danado é o pirata. Infelizmente, vemos muita gente nos palcos, que deveria estar na plateia batendo palmas para os verdadeiros artistas. Não se faz mais muita coisa de qualidade.
Revista Kalunga - Essa música fez muito sucesso, inclusive no exterior?
Fez, na voz de Jorge Benson. Houve outras músicas gravadas por Patti Austin (“De tudo o que eu sei”), Sarah Vaugh, Quincy Jones.
Anos 70 e 80
Como autor, ele considera a época mais fértil da música brasileira a década de 70, a qual teve seus antecedentes na década anterior (anos 60),entre jovens como Edu Lobo, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil considerados baluartes e que tinham conseguido filtrar o que veio da década anterior, (dos 50) onde haviam músicos como Ary Barroso, Lamartine Babo,Herivelto Martins e principalmente Dorival Caymmi que criaram uma base para todos.
Sua primeira música gravada em 1966, foi “Mudança” em parceria com Franco de Lano e que participou do Festival da Música Sertaneja da Rádio Globo, na voz de Cascatinha. Em 1971 gravou um disco de músicas inéditas com Artur Verocai.
Revista Kalunga - Depois vieram outros parceiros?
Conheci o maestro Carlos Castilho, o Eduardo Gudim, o Billy Stocker e o Sérgio Faini; nessa altura, já inscrevi algumas músicas no Festival Internacional da Canção, do Rio de Janeiro.
Revista Kalunga - Como foi a história da música “Cartomante”?
Em 1978, a mulher do presidente norte-americano Jimmy Carter veio ao Brasil e nós queríamos escrever uma carta para ela, relatando a situação no País. Foi então que surgiu “Cartomante”, falando das cartas do baralho. Gravada pela Elis Regina, também foi vetada pela censura. Quando me chamaram na Federal, liguei para a gravadora Phillips e pedi ajuda. Nós já tínhamos nossa própria editora, mas disse que se eles nos ajudassem a liberar a música, passaríamos a editar com eles. E foi o que fizemos.
A melhor face como cancionista aconteceu com Ivan,por que nela se concentra sua maior produção qualitativa e quantitativa. Em um levantamento recente (anexo) com o autor sobre sua obra, conseguimos enumerar um total de aproximadamente 107 canções em uma parceria que teve início no ano de 1974 com a música “Abre Alas”.
Revista Kalunga - Você sobrevive da música?
Por incrível que pareça, sobrevivo sim. Recebo do Brasil e do exterior. Já ganhei bem mais, porém, hoje em dia, é muito difícil competir com a pirataria, que aliás aumentou muito a partir de 2002, com o governo Lula.
2012 - Aos 68 anos, o compositor Vitor Martins, um dos principais parceiros de Ivan Lins, ainda tem muitos planos pela frente. Depois de um período “sabático” de quase 15 anos, ele prepara o lançamento de seu primeiro livro e tem mais cinco projetados. Embora fã de Manuel Bandeira, não quer saber de poesia.Escreve sobre casos passados e personagens com que conviveu entre a sua Ituverava (SP), São Paulo e Rio de Janeiro, onde morou por algum tempo.
Teve uma infância pobre, com as limitações que a época e o lugar impunham. Época em que o dinheiro era coisa rara, as relações entre as pessoas eram muito próximas, existia vizinho, compadre, comadre, padrinho,madrinha, avós, pais, irmãos, comprar fiado na venda e marcar na caderneta
VITOR MARTINS (...no final dos 60, época que comecei a aparecer com meu trabalho, a gente tinha uma petulância muito grande ...de desafiar o que tinha sido feito antes, a petulância da juventude,que para mim foi gratificante. Embora eu não goste de petulância, porém ela é inerente a juventude, sem ela não se cria nada... a gente tinha o “já era”... se não fosse essa petulância nenhum de nos teria feito nada, eu vi surgir Fagner,Luiz Melodia, João Bosco, Ana Terra, Danilo Caymmi, Belchior,Milton Nascimento, Djavan...)
Vitor Martins
(Ituverava, 22 de outubro de 1944) é um compositor brasileiro.
Compositor com viés romântico e dramático, dentre as inúmeras composições destacam-se os trabalhos ao lado do parceiro Ivan Lins.
Em 1973, compôs com Ivan Lins a canção "Abre...