Alembro e tenho saudade oi, ai, ai
Ai do tempo de boideiro
Me criei sem pai numa vida apertada
Eu crei na fazenda da tia Gerarda
Levantava cedo bem de madrugada
Cheguei a ficar com a munheca inchada
Só de tirar leite amarrar a bezerrada
Titia gritava com seus camaradas
Comprei uma mula baia encerada
Cabeça pequena oreia entisorada
Um mais que um sinar de canela rajada
Por ser mula esperta chamava dorada
Laço de dez braças e apa reforçada
Entrei na comitiva fui tirar boiada
Lá em Mato Grosso quá cuiabanada
Eu fazia o capricho em toda arribada
Eu nunca deixei rês esguaretada
Escapô uma mestiça do meio da peonada
Joguei meu cipó na vaquinha brava
Mestiçinha arisca berrô na emboscada
Remodia capataiz oi, ai, ai
tomei conta da peonada
No rio Vacaria a água repontava
Joguei o gado n'água rodou a vacada
Entrei pra tirar na minha besta arreada
Saí doutra banda com a roupa moiada
Eu tirei o gado encostei na beirada
Recebi abraço entreguei a boiada