Viajando pra Mato Grosso, Aparecida do taboado
Conheci uma morena, que me deixou amarrado
Deixei a linda pequena, por Deus confesso, desconsolado
Mudei o jeito de ser, bebendo pra esquecer 60 dias apaixonado.
Dois meses jutinho dela eternamente serão lembrados
pedaços da minha vida, lembraças do meu passado
jamais será esquecida a imagem dela de um anjo amado
Dois meses passaram logo, é no copo que eu afogo 60 dias apaixonado.
Se alguém fala em Mato Grosso eu sinto o peito despedaçado
O pranto rola depressa no meu rosto já cansado
jamais eu esquecerei Aparecida do taboado
Deixei a minha querida, deixei minha própria vida 60 dias apaixonado.
Eu fiz a maior proeza pras bandas do rio da Morte
Com outro caminhoneiro traquejado no transporte
Fui buscar uma vacada para um criador do norte
Na chegada eu prenssenti que era um dia de sorte
Depois do embarque feito só ficou um boi de corte.
O mestiço era bravo que até na sombra investia
A filha do fazendeiro, molhando os lábios de mel dizia
Eu nunca beijei ninguém, juro pela luz do dia
Mas quem montar nesse boi e tirar a valentia
Ganha meu primeiro beijo que darei com alegria.
Vendo a beleza da moça meu sangue ferveu na veia
Eu calcei um par de esporas e passei a mão na peia
Peguei o mestiço à unha, rolei com ele na areia
Enquanto ele esperneava, fui apertando a correia
Mas quando eu sentei no lombo, foi que eu vi a coisa feia.
O boi saltou a porteira no primeiro corcoveado
Numa ladeira de pedra desceu pulando furtado
Saía língua de fogo, cheirava a chifre queimado
Quando os cascos do mestiço batiam no lajeado
Parou berrando na espora ajoelhando derrotado.
Pra cumprir sua promessa a moça veio ligeiro
E disse você provou ser peão de boiadeiro
Dos prêmios que eu vou lhe dar, o beijo é o primeiro
Sua boca foi abrindo, seu olhar ficou morteiro
Nessa hora eu acorddei abraçando o travesseiro.