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Última Carteada

Velho Milongueiro

Nessa vida transitória aonde de tudo acontece
Onde um lembra e outro esquece, onde canta e outro chora
Lembrando amores de outrora eu canto pra não chorar
Pois se eu parar de cantar a tristeza me devora.

Meu canto é voz da saudade campeando um eco de amor
É reza de benzedor em noite de sexta-feira
É luar sobre a eira brincando com a solidão
É o grito do coração procurando quem lhe queira.

Em meu viver solitário vou carregando minha cruz
Sou trave campeando a luz e o frio campeando calor
Sou exímio campeador, sou índio de pelo duro
Que arisca o próprio futuro numa carteada de amor.

Eu já levei muitos blefes jogando contra o destino
Que é um velho xirú ladino caloteador de parada
Mas se na última carteada eu ganhar o prêmio almejado
Morrerei crucificado nos braços da minha amada.

Composição: Arlindo Silva dos Santos/Osvaldo Porto Flores





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