Um velho cruza a soleira de botas longas
De barbas longas, de ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava sua camisa
e seu alforje de caçador
Oh! meu velho e invisível Avôhai
Oh! meu velho e indizível, Avôhai
Neblina turva e brilhante
Em meu cérebro coágulos de sol
A manita matutina e que transparente
cortina ao meu redor
Se eu disser que é meio sabido
Você diz que é meio pior
E pior do que planeta
quando perde o girassol
É o terço de brilhantes
nos dedos de minha vó
E nunca mais eu tive medo da porteira
Nem também da companheira
que nunca dormia só
Uh! Uh!... Avôhai!
Uh! Uh!... Avôhai!
Um brejo cruza a poeira
De fato existe num tom mais leve
na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida
Sua alma, na altura que mandar
São os olhos, são as asas cabelos de Avôhai ...
Na pedra de turmalina
e no terreiro da usina eu me criei
Voava de madrugada
e na cratera condenado eu me calei
E se eu calei foi de tristeza
Você cala por calar
E calado vai ficando
só fala quando eu mandar
Rebuscando a consciência com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa
Girando na carrapeta, num jogo de improvisar
Entrecortando eu sigo
Sempre a linha reta
Eu tenho a palavra certa
para doutor não reclamar
Uh! Uh!... Avôhai!
Uh! Uh!... Avôhai!
...
Obs.: Álbum: Vanusa 30 anos.
Participação de Zé Ramalho (Violão):
"Em 1977, Zé Ramalho foi convidado
pelo produtor Augusto César Vanucci
a ir a São Paulo (SP) participar da gravação
da música "Avôhai", composição sua que seria
incluída no novo disco da cantora Vanusa.
E assim ele ia ganhando nome
e conseguindo dinheiro", portanto, foi
a partir desse álbum de Vanusa que Zé Ramalho
foi se tornando conhecido no Sul do Brasil.