Chove, chuva, vai meu corpo molhando
Dentro tenho um sol me iluminando.
Chove quase sempre no molhado,
No tempo perdido e não encontrado.
Nas contradições que trago comigo,
No jeito de olhar de um amor antigo.
Chove na cidade e na periferia,
No tempo parado da fotografia.
No homem letrado e na cartilha,
Nos magos da cúpula de Brasília.
Chove nas estórias da população,
Em todos os acordes de meu violão.
Só o meu amor é privilegiado,
Pois vive bem guardado no meu coração.
Chove nos meus sonhos de menino,
No fio que sustenta o meu destino.
Nesse pinga-pinga do dia-dia,
Na realidade e na fantasia.
Chuva no telhado vira goteira
Que pode molhar minha vida inteira.
Vida que eu passo pensando nela,
Que vive olhando a vida pela janela.
Chove no refúgio da solidão
Que molha algumas notas desse refrão.
Só o meu amor é privilegiado
Pois vive bem guardado no meu coração.
Chove na vontade enclausurada
Dos sonhos da primeira namorada.
No mistério oculto da poesia
E na simplicidade dessa melodia.
A água enche a palma da minha mão
E escorre entre as linhas dessa canção.
Só o meu amor é privilegiado
Pois vive bem guardado no meu coração.