Doutor delegado eu peço licença
Na sua presença uma história contar
Eu sou valente, eu não criminoso
Mas sou melindroso na parte moral.
Eu moro num rancho com a minha amada
Na beira da estrada das águas de lá
Da lida do gado eu volto cansado
E fazendo agrado ela vem me abraçar.
Cheguei no meu rancho na boca da noite
Achei a cabocla num canto a chorar
Perguntei pra ela por que chora tanto
Banhada em pranto me pôs a contar.
Eu vinha voltando da venda da estrada
Bem perto de mim eu vi um carro parar
Aquele ricaço pegou no meu braço
Lutei com o caboclo pra poder escapar.
Eu fiquei na espora meu burrão tordilho
Virei currupio pra trás eu voltei
Eu cheguei na praça, lá tava o ricaço
Contando com graça tudo o que fez.
Eu já fui chegando e o cabra surrando
Puxou do revolver, mas tempo não deu
No cabo do relho tirei seu galanteio
No meio da rua de guasca cortei.
Está ai na porta da delegacia
Amarrado na chincha do meu tordilhão
Lhe entrego o ricaço doutor delegado
Quem tiver errado dê a punição
- Caboclo vai embora, mas deixe seu relho
Vai servir de espelho da grande lição
E pra esses homens sirva de exemplo
Em mulher os outros não mais por a mão.