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Penacho

Tonico e Tinoco

Comprei um burro tordio, pus o nome de Penacho,
com sete parmos de artura, a crina dele faz cacho.
Comprei todo arreamento e mandei fazê um bombacho.
Quando eu saio no meu burro, coração duro eu não acho.

Chapéu quebrado na testa, na garupa guampa e laço,
trinta e oito na cintura, um par de espora de aço.
Sou caboclo arrespeitado, dinheiro carrego ao maço,
deixo coração magoado no lugar aonde eu passo.

Eu compro boiada e vendo, gosto da lapa dum laço.
cuiabano pegador, nesse eu dou pealo por baixo.
Eu me chamo Tira-Cisma e quarqué serviço eu faço,
nas hora que eu tou mais triste, na viola eu me disfarço.

Viajei pra Mato Grosso, só cheguei no mês de março.
No campo procuro atalho, mas quase que eu me embaraço,
uma onça perigosa no burro quis dá um abraço,
no atravessá a restinga, numa tarde de mormaço.

Nessa hora eu vi perdido, rodei de cima do macho,
puxei depressa o revórve, estourei quatro balaço,
a onça deu um gemido e morreu sem dar um passo.
Arrisquei a minha vida mas sarvei o meu Penacho.



Composição: Tonico, Isaltino G. Paula





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