O meu pai foi um carreiro
Que um dia de janeiro despediu-se desta vida
E só deixando a herança
Um punhado de criança e uma triste despedida
Minha mãe desesperada
E olhando a criançada tomou uma decisão
E pediu pro fazendeiro
O emprego do carreiro que morreu em suas mãos.
Com enorme sabedoria
O sertão naquele dia viu as coisas se mudar
Um carro a gemer na estrada
Gritando coma boiada uma mulher carrear
Minha mãe foi pioneira
Foi a primeira carreira que no sertão carreou -
Depois que meu pai se foi
Com o seu carro de boi todos os filhos ela criou.
Hoje sou um homem casado
Tenho um filho formado que é doutro engenheiro
Graças a minha mãezinha
Que no sertão sozinha trabalhou de carreiro
Hoje sentada num banco
Mamãe de cabelos brancos, uma lágrima que cai
Fala sempre do marido
O carreiro destemido que foi o meu velho pai