Tenho uma história pra contá pro ceis,
eu sou mineiro, e mineiro bão,
não faz um dia nem tampouco um meis,
fais muitos ano, não esqueço não.
Eu era moço, era mineiro forte,
trabaiadô, eu posso inté jurá.
Corri o Brasir e foi de sur a norte
quando deixei meu Estado natá.
Mina Gerá, deixei lá meu sertão,
troche saudade, de lá vim s'embora
mais troche ela no meu coração,
quando me lembro inté meus óio chora.
Eu vou contá pro que razão saí,
por que deixei o meu torrão natá.
Deixei meu rancho lá donde eu nasci,
que foi meu berço, isso é naturá.
Foi num ranchinho bem lá na picada,
pois inté hoje vancê pode vê,
lá eu nasci e na mesma morada
veio também um outro amor nascê.
Aquela santa minha cumpanhera,
que Deus me deu pra nóis vivê feliz,
até que um dia a sorte traiçoera
levou aquela que eu tanto quis.
Um dia então foi com tanta tristeza,
meu coração a soluçá de dô,
eu me arribei por outra natureza,
Mina Gerá tão grande lá ficô.
Mas quá o que eu não me esqueço não,
pro meu Estado eu quero vortá.
Quero morrê naquele meu sertão,
quero morrê lá em Mina Gerá.