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Coisas Nossas

Tonico e Tinoco




Eu sô um cabocro forgado,criado na serrania,
eu não sô muito letrado, dá pra minha serventia.
Argum dinheiro guardado, cavalo pra montaria,
o meu cachorro ensinado, e as ceva pra pescaria.

À tarde, fim da jornada, cabocra me serve a janta,
levanto de madrugada, na hora que o galo canta.
Eu vou tratando a porcada, aurora também levanta,
vejo a campina orvaiada, vou cuidá da minha pranta.

Cabocro trabaiadô, necessidade não passa,
rezo pra Nosso Senhô e já recebo uma graça.
Dinheiro nunca fartô pro meu negócio na praça,
sei disfarçá minha dô quando a saudade me abraça.

Eu só vou no povoado, ai, no fim de cada meis,
ansim memo eu paro pouco na venda que eu sou fregueis.
Eu tomo minha pinguinha e pago a compra que eu feis,
alembro da cabocrinha, vorto pra roça outra veis.

Não vô morá na cidade, não é questão que eu não possa,
sou caboclo sem vaidade, nasci pra vivê na roça.
Eu tenho meu alazão e cabocra na paióça,
eu gosto do meu sertão e tudo que é coisa nossa.





Composição: Craveiro, Nhô Moraes, Nhô Neco





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