Não queria ser o mar, me bastava a fonte
Muito menos ser a rosa, simplesmente o espinho
Não queria ser caminho, porém o atalho
Muito menos ser a chuva, apenas o orvalho
Não queria ser o dia, só alvorada
Muito menos ser o campo, me bastava o grão
Não queria ser a vida, porém o momento
Muito menos ser concerto, apenas a canção
Ouro afunda no mar
Madeira fica por cima, por cima
Ostra nasce do lodo, do lodo
Gerando pérola fina
Se eu deixar de sofrer
Como é que vai ser para me acostumar
Se tudo é carnaval, eu não devo chorar
Mas eu preciso me encontrar
Sofrer também é merecimento
Cada um tem seu momento
Quando é hora da razão
Guardo fundo do coração
Quem chega na Praça Cairu
Olha pra cima, o que é que vê?
Vê o Elevador Lacerda
Que vive a subir e descer
E o retrato fiel da Bahia
Baiana atendendo com alegria
Coisinha gostosa de dendê