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Paredes Estranhas

Tiao Simpatia

Com lápis, papel e tinta
Faço-lhe uma homenagem
Para ver se o lápis pinta
Algo da sua imagem
A vida aqui é linda
Mas você é mais ainda
Que tudo que aqui se tem
Num tudo em que nada é meu
Acabo de crer que eu
Sem você não sou ninguém.

Eu penso que você pensa
Que eu cm você não penso
Mas o deus da nossa crença
Sabe que eu não dispenso
De sentir o seu calor
Aquecendo o nosso amor
Numa sensação sem fim
Ouvindo seus lábios claros
Estalarem quais disparos
Da arma do amor em mim.

Por quatro paredes preso
Meu corpo treme indeciso
No teto um abajur aceso
E outro no meu juízo
Próximo aos meus ouvidos
Ouço infames ganidos
Da agoureira ausência
Sem você santa mulher
Só durmo se deus me der
Um leito de paciência

Quatro paredes estranhas
Dão-me um silêncio profundo
Parecem quatro montanhas
Tomando a frente do mundo
Quando eu a chamo aqui
Se a sua voz vem daí
Encontrar a minha voz
Dar-se no ar uma cena
Que até o vento com pena
Para pra chorar por nós.

Desperto nas madrugadas
Com desejos “violentos”
Ouvindo as brisas cansadas
Do peso dos meus lamentos
Quando durmo dez minutos
Vejo fantasmas astutos
Querendo ser quem nós somos
Nesses delírios piores
Recordo os dias melhores
Que junto felizes fomos.

Estou louco de saudade
De todo carinho nosso
De vê-ia sinto vontade
Mas de longe assim não posso
O tempo num alvoroço
Jogou-me onde não ouço
Quando meu amor me chama
Náufrago de um mar de ânsia
Descobri que na distância
Não há céu para quem ama.

Meu mundo não é o seu
O seu não é meu porque
Seu quarto não é o meu
Que está aqui sem você
Olho, não a vejo perto
Sinto-me me em um deserto
Sonhando que estou aí
Sem ter quem amor me tenha
Me acuda querida, venha
Me ajude a sair daqui.

Nessas camadas horríveis
De ar que há entre nós
Busco coisas impossíveis
Por exemplo a sua voz
Na ânsia que me consome
Troco seu nome no nome
De tudo que vou chamar
Sinto o erro e me reclamo
Porque nada do que eu chamo
Me serve no seu lugar.

Composição: Zé Viola





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