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Meu Pai

Tião do Carro e Santarém

Cansado da luta e dos trancos da vida,
saudade doída bateu pra valer.
Lembrei do meu pai lá no sítio nosso,
meu velho eu não posso ficar sem te ver.

Cheguei bem cedinho na cerca de arame,
eu vi um enxame de abelha subir.
No velho mourão do chão estradeiro,
exalava o cheiro do mel jataí.
Batendo o orvalho da alta pastagem,
eu criei coragem pro rancho eu desci.
Gritei no terreiro ninguém na palhoça,
no eito da roça meu velho eu vi.

Beirando o aceiro fui subindo o trilho,
na roça de milho entrei devagar.
O sol nessa hora mostrava seu brilho,
meu pai é seu filho eu vim te abraçar.
O velho tirou da cabeça o chapéu,
e olhando pro céu pegou a chorar.
Dizendo meu filho que roupa limpinha,
não rele na minha pra não te sujar

Do peito do velho o suor corria,
até parecia mina da biquinha.
Meu filho a água ta no arvoredo,
eu trouxe hoje cedo a porunga cheinha.
Até meu almoço eu deixei separado,
está pendurado no galho da arvinha.
Eu fiz hoje cedo de madrugadão,
arroz e feijão, jabá com farinha.

Por suas palavras eu já decifrei,
e nem perguntei mamãe onde está.
Na roupa do velho, guaxuma miúda,
e as mãos cascudas que nem jatobá.
E ele me disse ali nessa hora,
você vai embora onde vai pousar?
Papai eu vou indo não se aborreça,
antes que anoiteça eu preciso voltar.

Eu beijei o rosto do meu pai amado,
entrei no roçado sultão foi atrás.
Eu também saí chorando escondido,
meu velho querido eu te amo demais.






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