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Viúva Rica

Tião Carreiro e Pardinho

Ritmo: Pagode de viola

Fui caboclo do pesado,levei sempre vida dura,
Já fiz serviço dobrado pelo óleo da fritura,
De roer osso na vida gastei minha dentadura,
De tanto apertar o cinto calejei minha cintura,
Não tem negócio da China pra se sair da pendura,
Ou é a luta do mundo, ou a paz da sepultura.

Pra se viver do trabalho é demais a concorrência,
É carteira pra carvalho e carta de referência,
Quanto mais ganha mais gasta, na rabeira da carência.
Trabalhar pra quem é pobre é gostar de penitência,
O trabalho dá cansaço e suor de experiência,
Trabalhar por trabalhar é relaxar a competência.

De trabalhar ninguém morre, nem de fome quem não queira,
Faça sol ou faça chuva, mundo velho é sem porteira,
O meu rosário de queixa eu joguei na corredeira,
Qualquer barranco é um porto, qualquer pedra é uma cadeira.
Deus me deu o lar do mundo e a saúde como esteira,
Minha mãe me deu à luz e a vida sem canseira.

Do meu sistema de vida muita gente me critica,
O futuro é a morte, pra semente ninguém fica,
Três punhadinhos de terra numa cova na explica;
Da minha filosofia eu só vou dar uma dica:
- Eu não vou salvar o mundo dessa gente que complica,
Nem morrer de trabalhar pra deixar viúva rica.

Composição: Tião Carreiro/edward de Marchi





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