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Osso Duro De Roer

Tião Carreiro e Pardinho

Ritmo: Pagode de Viola

Osso duro de roer
É o Brasil da qualidade,
É doído a gente ver
A cruel desigualdade.
O pobre fica mais pobre,
O rico enriquece mais,
Tubarões e agiotas
Aumentam seus capitais;
Os tais colarinhos brancos
Da cadeia vive ausente
E os malandros de casaca
Estão agindo livremente.

O povo segue sem rumo
Numa canoa furada,
Tem tudo quem não trabalha,
Quem trabalha não tem nada.
Dez por cento come a carne
E noventa rói o osso,
Meia dúzia come a fruta,
O resto engole o caroço.
A inflação é uma espada
Que fere e causa pavor,
Salário sobe de escada
E os preços de elevador.

Das crianças tenho pena,
São as que padecem mais,
Vão perdendo a esperança
De ter conforto dos pais.
Os Poderes competentes,
Nada fazem para o povo,
Nós estamos num aperto
Igual ao pinto no ovo.
Não adianta rezar terço,
Nem pedir Nossa Senhora,
A santa já não dá conta
Do povo que sofre e chora.

Composição: Antonio Ventura Filho / Milton José / Zé Paulo





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