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O Justiceiro

Tião Carreiro e Pardinho

Eu vim de longe...
De onde a chuva é coisa rara...
Onde a gente sofre e cala...
Dia e noite sem parar...
Eu sou de um povo que não deixa pra depois...
Sou de onde agarra o boi...
A unha no carrascal...
Não tive escola...
Não escrevo sou grosseiro...
Mas porém sou brasileiro...
Deste céu azul de anil...
Durmo em baixeiro estendido no pedregulho...
Mesmo assim eu me orgulho de ser filho do Brasil...

Perdi meus pais...
Cresci no mundo sozinho...
Andei por muitos caminhos...
Sempre escolhendo o melhor...
Passando fome fui vivendo e aprendendo...
Devagar fui compreendendo...
Que a verdade é uma só...
Topei com a onça certo dia na cancela...
Perseguindo uma vitela...
Cuja mãe tinha morrido...
Só sei dizer que a nossa luta foi tão feia...
Sangue que manchou areia foi do animal vencido...

Como a serpente que ninguém chegava perto...
Na tocaia do deserto...
Quatro homens fui topar...
Quatro sujeito, quatro cabras indecentes...
Tombaram na areia quente sem ter tempo pra rezar...
Segui um rastro...
De um sujeito macumbeiro...
Que tinha dez cangaceiros...
Mas veloz do que um puma...
Cruzei fronteiras sem temer nenhum fracasso...
Na justiça do meus braços desordeiro não se apruma...

Você seu moço...
Que só vive na cidade...
Não conhece a verdade...
Que se passa no sertão...

Aonde o homem...
Faz a lei na pura bala...
Onde a gente nem não fala...
Pra não perder a razão...

Fui cara a cara...
Peito a peito...
Frente a frente...
Vi tombar um inocente...
Nas garras de um valentão...
Brigaram tanto...
Por causa do ordenado...
Um deles era o empregado...
E o outro era o patrão...

Quem fere a ferro...
Com ele vai ser ferido...
Por Deus nada é esquecido...
Liberdade paz e amor...
Só a justiça vence no juízo final...
Quando tudo for parar...
Na balança do senhor...

Composição: Leo Canhoto





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