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Herói Sem Medalha

Tião Carreiro e Pardinho

Ritmo: Moda-de-viola

Sou filho do interior do grande estado mineiro,
Fui um herói sem medalha na profissão de carreiro,
Puxando tora do mato com doze bois pantaneiro,
Eu ajudei desbravar nosso sertão brasileiro;
Sem vaidade eu confesso:
Do nosso imenso progresso
Eu fui um dos pioneiros.

Veja como o destino muda a vida de um homem,
Uma doença malvada minha boiada consome,
Só ficou um boi mestiço que chamava Lobisomem,
Por ser preto igual carvão foi que eu pus esse nome;
Em pouco tempo depois
Eu vendi aquele boi
Pros filhos não passar fome.

Aborrecido com a sorte, dali resolvi mudar
E numa cidade grande com a família fui morar.
Por eu ser analfabeto tive que me sujeitar:
Trabalhar num matadouro, para o pão poder ganhar.
Como eu era um homem forte,
Nuqueava o gado de corte
Pros companheiros sangrar.

Veja bem a nossa vida como muda de repente,
Eu que às vezes chorava, quando um boi ficava doente;
Ali eu era obrigado a matar a rês inocente,
Mas certo dia o destino me transformou novamente:
O boi da cor de carvão,
Pra morrer nas minhas mãos,
Estava na minha frente.

Quando eu vi meu boi carreiro não contive a emoção,
Meus olhos se encheram d'água, meu pranto caiu no chão.
O boi me reconheceu e lambeu a minha mão,
Sem poder salvar a vida do boi de estimação:
- Pedi a conta e fui embora,
Desisti na mesma hora,
Dessa ingrata profissão.

Composição: Sulino





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