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Carreirinho – Guimarães de Faria

No lugar que canta galo, de certo que mora gente
Que é muito bonito é lindo, que é muito feio é indecente
A água parada é poço, riacho é água corrente
Toda briga de mulher, o que faz é língua quente.

Onde tem moça bonita, de certo que tem namoro
Onde tem mulher baixinha, tem arrelia e desaforo
Mistura sogra com nora, pode ver que ali sai choro
Na vila que tem polícia, banho de pau d'água é couro.

Amor de mulher rusguenta, catinga jaratataca
Doença do rico é gripe, doença do pobre é ressaca
Dança do rico é baile, dança do pobre é fuzarca
O rico educa na escola e o pobre educa no tapa.

O que agrada moça é carinho, o que agrada velho é café
O homem que fala fino, não é homem nem mulher
A mulher que fala grosso, ninguém não sabe o que é
O lar que não crê em Deus, quem domina é o Lúcifer.

O que faz sapo pular, tem que ser necessidade
Pessoas que falam muito, nem todos dizem a verdade
Com o tempo a flor perde a cor, e nós perde a mocidade
O janeiro traz velhice e a velhice traz saudade.