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Cavalo Enxuto

Tião Carreiro e Pardinho

Eu tenho um vizinho rico
Fazendeiro endinheirado
Não anda mais a cavalo
Só compra carro importado
Eu conservo a minha tropa
E o meu cavalo ensinado
O fazendeiro moderno
Só me chama de quadrado
Namoramo a mesma moça
Vejam só o resultado.

Um dia a moça falou
Pra não haver discussão
Vamos fazer uma aposta
A corrida da paixão
Grã-fino corre no carro
Você no seu alazão
Eu vou pra minha fazenda
Esperar lá no portão
Quem dos dois chegar primeiro
Vai ganhar meu coração.

Ele calibrou os pneus
Apertou bem as ruelas
Eu ferrei o meu cavalo
Que tem asa nas canelas
O grã-fino entrou no carro
Pulei em cima da sela
Ele funcionou o motor
Fechou as quatro janelas
Chamei o macho na espora
Bem por baixo das costela.

Eu entrei pelo atalho
Pulando cerca e pinguela
Quando terminou o asfalto
Ele entrou numa esparrela
Numa estrada boiadeira
Toda cheia de cancela
Cheguei no portão primeiro
Dei um beijo na donzela
Quando o grã-fino chegou
Eu já estava nos braços dela.

O progresso é coisa boa
Reconheço e não discuto
Mas aqui no meu sertão
Meu cavalo é absoluto
Foi Deus e a natureza
Que criou este produto
Esta vitória foi minha
E do meu cavalo enxuto
A menina hoje vive
Nos braços deste matuto.

Composição: Lourival dos Santos / Moacyr dos Santos





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