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A Escada

Thaíde

Refrão(2X)
Escada serve pra subir, serve pra descer
Um degrau de cada vez, assim que tem que ser
Serve pra subir, serve pra descer
Um degrau de cada vez assim que tem que ser

Ham!
A vida na cadeia não é mole
Ajuste sua sintonia
Dê um trago, tome um gole
Cheiro de morte, cheiro de inferno
To preparado pra viver no seu mundo moderno

Mas um dia amanheceu,
Rapidamente mais um dia morreu
Aqui dentro um lamento, vingança,
Fuga no pensamento
Saudade dos manos trancado aqui dentro
Aqui eu sou mais um José Comum
Mandaram um toque lá de fora que fulano levou bum!
Muitos amigos vou deixar
Vou rezar, muitos momentos de lazer vou guardar

Angustiante é ver a vida correr pelas grades,
O sofrimento é constante, quem na sabe?
Meu destino é ter força, e segurar sem medo
Aqui sou menos um, lá fora sou mais um preto

A idéia é ganhar terreno, avançar
Criar um reino sem precisar recuar
Quinze anos em uma cela,
Saudade das ruas, dos amigos
Saudade da favela

Ontem eu li jornal do mês passado,
Espero meu almoço no meu canto calado
A hora da visita ta chegando
Sera que tem alguém lá embaixo me esperando?

Sinceramente eu não sei...

Meu pai que Deus o tenha em paz,
Presença física infelizmente nunca mais
Minha mãe já sem saúde
No fundo sei, que quebrei, parte da sua juventude

Cansei desta vida de artista
Vou me preparar pra poder sair desta lista
Um cigarro aqui vale uma vida
Uma vida, uma moeda
Uma moeda, várias intrigas

Esse é o esquema, olha o dilema
Se o Escada ta preso,
O rio vive sem nenhum problema

Quero ter meus direitos, já paguei o meu preço
Não vejo a hora de poder, mudar meu endereço
O poder puniu minha atitude,
Puniu minha família, puniu meu lado rude

Essa estrada só dá mão pra que atira a esmo,
O meu saiu pela culatra, e acertei em mim mesmo
Mais de um terço já cumpri, tudo bem e daí?
A lei é clara, já é hora de sair

Eu sabia que não era o céu
Mais cedo ou mais tarde, teria que provar desse fel
Todo lucro era prejuízo
Diziam que eu não tinha juízo
Mas só agora penso nisso

Sem relógio, sem futuro, sem amor
Só me resta o ódio, só me resta sofrimento e dor
Agora to sossegado, não vou fazer feio
Não vou me transformar naquilo que mais odeio

Graças a Deus mão sou mais escravo do ópio
To firme e forte, escapei do óbvio
O Estado ta decepcionado com a falta do meu óbito
A vingança é a minha mudança de hábito






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