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Desgosto

Tarcísio Pelegrini

Eu ando pelas ruas, sem destino, sem querer chegar,
Eu pego um trem na madrugada, na noite sem luar,
Perdido em meio a tanta gente, que não sabe pra onde ir,
Carrego o peso de um povo que não aprendeu a sorrir.

Vejo a cidade se prostrando a uma multidão de leis,
Vejo castelos sendo erguidos sobre os ossos de seus reis,
E o povo todo amaldiçoa que só quer os fazer bem,
O plano se consolidou e o que dissemos foi amém.

Ninguém parou pra refletir que a vida é curta demais,
Ninguém consegue prosseguir na estrada sem olhar pra traz,
Entre o sagrado e o profano não conseguem decidir,
E se convencem que no mundo pra ser sincero você tem fingir...

O tempo é fiel a aqueles que não temem arriscar,
E o que se esconde , na verdade,é o que tem que se mostrar
Essa desordem é apenas fruto, do nosso passado vulgar,
Seria diferente, se as pessoas soubessem se amar.

Mas é só discórdia em nosso coração,
As ruas cheiram ódio e solidão,
São só vidas perdidas em vão,
Só melodias que soam, sem emoção..

Composição: José Tarcísio Pelegrini






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