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Punhal da Saudade

Sulino e Marrueiro

Tem dia que eu fico triste
Com o ar do mês de agosto
Coração fica amarrado
E o pranto rola no rosto
Eu que era tão alegre
E pra tudo era disposto
Hoje vivo aborrecido
Pra mais nada tenho gosto
Os prazeres pra mim morreram
Hoje só resta desgosto. . .

Quando eu escuto dois peitos
Cantando aduetado
De tanto que eu aprecio
Chego a sonhar acordado
No espelho da mente eu vejo
A terra que fui criado
Os tempos da mocidade
Que sempre será lembrado
Que os anos se encarregaram
De sepultar no passado. . .

Vejo as noites de luar
E as campinas orvalhadas
As estrelas cintilando
No romper da madrugada
Rojão subindo pro ar
E as festanças animadas
Os catireiros dançando
De bota e espora prateada
Eu com a viola no peito
Cantando moda dobrada. . .

Vejo os parentes e amigos
E meus pais que eu tanto quis
Nós ali tudo reunidos
Naquele muito feliz
Agora no fim da vida
Lembrando tudo que eu fiz
A malvada da saudade
No peito faz cicatriz
Quanto mais quero esquecer
Mais ela cria raiz. . .

Este mundo de ilusão
Aonde a vida é uma estrada
A morte é o maior presente
Pra quem não espera mais nada
Feliz de quem já venceu
Essa longa caminhada
Já não sente mais no peito
As profundas punhaladas
Que o punhal da saudade
Crava na mente cansada. . .



Composição: Sulino e Moacyr dos Santos





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