Tempo que eu fui boiadeiro
Viajando certo dia
Eu cheguei no Porto Quinze
Pra fazer a travessia
Na beira do pantanal
Onde uma cruz existia
Vi uma velha rezando
De luto triste chorando
Que até me compadecia. . .
Vendo aquela triste cena
Meu coração comoveu
Relembrei certas passagens
Que comigo aconteceu
Pra consolar a velhinha
E saber o que se deu
Perto dela ajoelhei
E o motivo perguntei
Ela então me respondeu. . .
Sou a mãe do Batistinha
Que neste lugar morreu
Fui eu quem guiou teus passos
Desde a hora que nasceu
Ele ainda era criança
Quando seu pai faleceu
Pra ganhar o nosso pão
Batistinha era peão
Profissão que ele escolheu. . .
Este pantanal traiçoeiro
O seu corpo sepultou
Ele vinha atrás de um boi
Que por esta banda arribou
Só sinto não ter uma campa
Pra mim plantar uma flor
Pra crescer como lembrança
Pra esta alma que descansa
Na paz de Nosso Senhor. . .
Do Batistinha me resta
Só duas recordação
É o berrante com o seu nome
E o seu cachorro Gavião
Que quando vê uma boiada
Levanta pó no estradão
Fica triste acabrunhado
Parece que o seu uivado
É triste reclamação. . .
Esta cruz é minha vida
Não posso me separar
É um berço de saudade
Aonde venho rezar
Quando escuto um berrante
Um boiadeiro gritar
Eu choro filho querido
Que foi desaparecido
Para nunca mais voltar. . .