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Campeão do Laço

Sulino e Marrueiro

Para manejar um laço
Meu pai era campeão
Eu também desde pequeno
Tinha esta intenção.
Mas papai sempre dizia
Que a sua intenção
Era me ver estudando,
Um homem de posição.
Aquilo me contrariava
Pois a minha intenção
Era andar a cavalo
Sempre com o laço na mão,
Laçando os bezerrotes
Vendo eles virar cambotes
Eu vibrava de emoção. . .

Para não desgostar o meu pai
Eu comecei a estudar
Tirei diploma do grupo
Na escolinha do arraial
Mas fiquei aborrecido
Quando ouvi meu pai falar:
Você vai lá para a cidade
Os estudos conquistar
Aquela triste noticia
Fez meu peito soluçar
Chegando o dia da partida
Eu não pude suportar
Com a alma em pedaços
Eu olhei para o meu laço
Sentindo o pranto rolar. . .

Quinze anos eu já tinha
Quando as férias chegaram
Eu parti muito contente
Rever a querência amada
Quando fui chegando em casa
Numa tarde ensolarada
O papai tinha partido
Com o transporte de boiada,
De longe ainda avistei
O poeirão na estrada
Cortando o espaço se ouvia
O grito da peonada
O repique do berrante
Machucou naquele instante
Minha alma apaixonada. . .

Corri apanhar o meu laço
No esteio pendurado
Sai a todo galope
Num potro baio ensilhado,
Naquilo vi um mestiço
Correndo no descampado
Um peão vinha no encalço
Com seu laço enrodilhado
Mas sua besta tropeçou
E ele foi derrubado,
Enroscado no próprio laço
Pelo campo era arrastado
Eu vendo então o perigo
Corri salvar o amigo
Atendendo ao seu chamado. . .

Não sei se foi a destreza
Que eu tinha neste meu braço
Ou se foi algum milagre
Que Deus mandou lá do espaço,
A laçada foi certeira
A besta parou no laço
Corri pra socorrer o peão
Que demonstrava cansaço,
A minha maior surpresa
Foi ver num grande embaraço
O meu paizinho querido
Que me apertou num abraço,
E disse num desatino
Você nasceu meu menino
Para ser herói do laço. . .







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