O mundo de antigamente
Era cheio de ingratidão
Os filhos seguiam os pais
Pela mesma profissão,
O filho de um boiadeiro
Tinha que ser um peão
O filho de um fazendeiro
Lidava com criação
E os filhos do roceiro
Morria carpindo chão. . . .
Dizem que antigamente
A muitos anos atrás
Os filhos dos criminosos
E também dos marginais,
Cresciam com aquela mancha
Manchados pra nunca mais
O filho de um condenado
Pode ser um bom rapaz
Não deve julgar o filho
Pelo erro dos seus pais. . . .
As moças também casavam
Com moços desconhecidos
O pai arranjava o noivo
Para ser o seu marido,
O amor de hoje em dia
É livre desimpedido
As moças é quem escolhe
O seu noivo preferido
Se o pai não consentir
Tem casamento fugido. . . .
Vejo com meus próprios olhos
Que o mundo está mudado
Tem gente plantando roça
Mas tem seus filhos estudados,
Lá na roça também nasce
Os grandes homens letrados
Conheço muitos caboclos
Que tem filho diplomado
São homens que podem ser
Até governador do estado. . . .
O meu pai era roceiro
Mas gostava da viola
Ele fez tudo por mim
Tirou da roça e pôs na escola,
Eu queria ser violeiro
E pro estudo não dei bola
O meu ginásio foi o mundo
Onde a minha fama rola
Por este Brasil inteiro
Meu nome é Campeão da Viola. . . .