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Biografia de Soul Asylum

O Soul Asylum foi formado em Minneapolis, Minnesota, em 1981 como uma banda hardcore de garagem. O próprio nome da banda evidenciava isso, já que antes de Soul Asylum, a banda era conhecida por Loud Fast Rules. Nos primeiro anos do Soul Asylum, eram comuns as comparações com bandas mais experientes da cena local como o Hüsker Dü. O próprio Bob Mould, líder do Hüsker Dü se referia ao SA como "nossos irmãos mais novos". Mas com o tempo, o Soul Asylum foi desenvolvendo sua própria identidade, e ao longo de sua história, foram elogiados e criticados, e acumularam sucessos e fracassos.

Depois de tocar em algumas mal-sucedidas bandas punk da sua cidade, David Pirner, que na época tocava bateria, resolve montar uma nova banda com o amigo guitarrista Daniel Murphy. Depois de alguns ensaios, Dave mostra talento nas composições e letras e passa para o vocal.

Assim, a primeira formação do então Loud Fast Rules era composta de Dave e Dan, Karl Mueller (baixo) e Pat Morley (bateria). Como o nome sugere, a orientação da banda é o hardcore e o punk. Eles ficaram um bom tempo sem contrato com gravadoras, apenas fazendo shows no cenário independente. As únicas gravações da banda em seus primeiros anos eram demos e a colaboração de duas músicas para uma coletânea produzida por Bob Mould para a Reflex Records (de propriedade do Hüsker Dü).

O primeiro disco só viria em 1984, quando a banda assina com a gravadora Twin/Tone, de Minneapolis. Nessa época, Grant Young substitui Pat Morley na bateria. E assim, o Loud Fast Rules muda o nome para Soul Asylum e lança o EP "Say What You Will... Anything Can Happen" com 8 músicas, produzido por Bob Mould. Mais tarde o disco é relançado em CD, contando com algumas faixas inéditas e rebatizado como "Say What You Will Clarence... Karl Sold The Truck". O destaque do disco, de acentuada sonoridade punk, é a música "Stranger", considerada até hoje por Dave Pirner uma de suas melhores composições.

Depois de passar um bom tempo em turnê, o Soul Asylum volta ao estúdio para gravar o seu segundo álbum, "Made To Be Broken", de 1986, também produzido por Bob Mould. O disco é bastante elogiado e trás a exclente "Tied To The Tracks", além de "Ship of Fools", uma das favoritas ao vivo, e "Can't Go Back", onde a letra traduz o espírito da banda: "just killing time". Em Made to Be Broken, o Soul Asylum também começa a mostrar as suas influências folk e country, lembrando Bob Dylan na faixa "Never Really Been".

Ainda em 1986, é lançado o terceiro álbum, "While You Were Out", produzido por Chris Osgood (ex-guitarrista da banda punk local Suicide Commando). O resultado é bastante similar ao disco anterior. As boas melodias de Dave Pirner continuam se sobressaindo em faixas como "No Man's Land", "Closer To The Stars" (outra das favoritas ao vivo) e "Freaks".

Para terminar a avalanche de lançamentos de 1986, a Twin/Tone lança a coletânea "Time's Incinerator", com b-sides, e demos do tempo do Loud Fast Rules. Esse álbum é lançado somente em cassete.

Os shows ao vivo do Soul Asylum começam a ganhar notoriedade, e a banda passa a ser considerada como uma das melhores bandas americanas ao vivo. Em meio a isso, a Twin/Tone firma um acordo comercial com a gravadora A&M, uma das grandes do mercado americano, e o contrato do Soul Asylum passa para a A&M.

O primeiro álbum por uma grande gravadora é lançado em 1988, com produção de Lenny Kaye e Ed Stasium. "Hang Time" trás o Soul Asylum abandonando o punk mais tradicional em troca de um hard rock empolgante e ao mesmo tempo fiel as raízes da banda. Os destaques são "Cartoon", que ganhou destaque nas College Radios e as excelentes "Sometime To Return" e "Little Too Clean".As influências folk e country também aparecem de forma mais evidente em músicas como "Marionette" e "Twiddle Dee".

Em 1989, é lançado o EP "Clam Dip And Other Delights", ainda pela Twin/Tone. A idéia era que esse disco fosse lançado antes de "Hang Time", simbolizando a transição da banda, mas o lançamento acabou atrasando. Por ironia, "Clam Dip" acabou sendo considerado o melhor disco da banda, juntamente com o próprio "Hang Time". "Clam Dip" trazia o excelente coutry rock de "P-9", além da empolgante "Just Plain Evil", "Chains", de melodia bem pop e "Take It To The Root", que mostrava uma faceta funk até então inédita do Soul Asylum.

Definitivamente a banda passava por um bom momento, tinha conquistado a atenção das College Radios com "Hang Time", tinha acabado de lançar um disco elogiadíssimo pela crítica ("Clam Dip And Other Delights") e seus shows ao vivo eram considerados entre os melhores do país. O passo seguinte, pela lógica, seria a conquista de um grande público, mas não foi isso que aconteceu.

Em 1990 é lançado "Soul Asylum And The Horse They Rode In On" produzido por Steve Jordan. Apesar de contar com excelentes composições como "Veil Of Tears", "Grounded", "Easy Street" e "We 3", o disco passa despercebido pelo público. Na verdade, a gravadora A&M surpreendentemente não promoveu o disco, que desapareceu poucas semanas após o seu lançamento. De qualquer forma, "...And The Horse" não teve o reconhecimento dos trabalhos anteriores, o som mais pop confundiu os fãs mais antigos e nem todas as experimentações desse álbum foram bem sucedidas. A princípio, a intenção era de reproduzir em disco a energia e a vibração das elogiadas apresentações ao vivo da banda, mas evidentemente isso não acabou acontecendo.

Ainda em 1990, em virtude da ausência de um grande sucesso comercial, o contrato com a A&M é rompido. O Soul Asylum quase acaba nessa época, com os integrantes retornando a antigos empregos. O vocalista Dave Pirner esteve tão chocado e decepcionado com sua carreira musical nessa época que acabou sofrendo um colapso nervoso, tendo que ser internado numa instituição psiquiátrica.

Mas eles não conseguiriam ficar muito tempo longe da música, recuperado, Dave reúne-se novamente com Dan Murphy e o dois passam a se apresentar como uma dupla pelo meio-oeste americano, ao mesmo tempo em que trabalhavam em demos com novas músicas. Foi o tempo da dupla Murphy and Pirfinkle, quando as músicas do Soul Asylum eram revisitadas ao vivo em versões inteiramente acústicas. As músicas novas chegam até a Columbia Records, que assina com a banda, que retorna em sua formação completa para "Grave Dancers Union" de 1992.

Com a cuidadosa produção de Michael Beinhorn (Supernknown do Soundgarden e Celebrity Skin do Hole), "Grave Dancers Unions" trazia composições inspiradíssimas que se encaixavam perfeitamente na 'revolução' do rock alternativo que acontecia na época. O disco trazia também várias músicas mais intimistas, que adicionavam violões às guitarras e que fez desse álbum uma espécie de precursos do revival do country rock, que aconteceu no decorrer da década de 90, com bandas como Wilco e Son Volt. Uma dessas músicas era 'Runaway Train', o terceiro single, que acabou se tornando o maior hit da banda.

Depois de um começo bastante lento, "Grave Dancers Union" foi escalando as paradas até atingir o número 11, alcançando um total de 3 milhões de cópias, enquanto o single de "Runaway Train" chegou ao número 3 da parada da Billboard.

O Soul Asylum esteve no seu auge de popularidade em 1993, teve uma participação bastante comentada no programa de David Letterman, abriu shows para Bob Dylan e Guns N' Roses e participou do Alternative Nation, uma bem sucedida turnê conjunta de três meses com Spin Doctors e Screaming Trees, onde era a atração principal. Naquele ano, a revista Rolling Stone publicou que o Soul Asylum era a melhor banda ao vivo dos Estados Unidos.

Em setembro eles se apresentaram no MTV Video Music Awards, quando Peter Buck do R.E.M. juntou-se a eles para tocar "Runaway Train", além de gravar um Acústico para a MTV, onde mostram os novos sucessos ao lado de músicas antigas, desconhecidas do grande público. Se apresentam também na Casa Branca em Washington, no dia da posse do presidente Bill Clinton.

A participação em coletâneas também tráz destaque ao Soul Asylum, com duas covers: "Sexual Healing" de Marvin Gaye aparece na coletânea No Alternative (com a renda destinada ao combate a AIDS). Na coletânea Sweet Relief, em benefício da cantora Victoria Williams, surge "Summer Of Drugs", composta por Victoria. A música foi o carro chefe do disco e teve bastante destaque na MTV.

Nessa época, Dave Pirner namorou a atriz Winona Ryder, passando a aparecer freqüentente em tablóides e revistas sensacionalistas, onde surgiam rumores a todo o momento de que o Soul Asylum estaria se separando.

Contrariando os boatos, a banda entra em estúdio com o renomado produtor Butch Vig (Nirvana, Smashing Pumpkins, Sonic Youth) para gravar "Let Your Dim Light Shine", que foi lançado em junho de 95, cercado de muita expectativa. Nessa época, o baterista Grant Young deixa a banda e é substituído por Sterling Campbell. "Let Your Dim Light Shine", último disco produzido por Butch Vig antes da formação do Garbage, trouxe o hit "Misery" e embora seguindo a mesma fórmula de "Grave Dancers Union", era mais diverso ao mesmo tempo mostrando letras e melodias mais trabalhadas.

Apesar de ter vendido 1 milhão de cópias somente nos EUA, o álbum foi considerado um fracasso comercial pela mídia, que esperava uma vendagem bem maior. Seguiram-se mais uma bem sucedida turnê, mas o momento já não era o mesmo para a banda, já que o rock alternativo já não tinha a popularidade de antes e o Soul Asylum já não tinha o público underground que o seguia e cultuava desde o início de sua carreira.

O guitarrista Dan Murphy esteve envolvido desde 1989 no Golden Smog, uma espécie de supergrupo de country rock de Minneapolis, juntamente com integrantes do Wilco, Jayhawks, Big Star e Replacements entre outros. O Golden Smog, que já havia lançado um EP em 1992, lança seu primeiro álbum em 1995 ("Down By The Old Mainstream"), e tem bastante destaque na cena alternativa, rendendo algumas turnês depois disso. O segundo álbum sai em 1998 (Weird Tales).

Dave Pirner, juntamente com membros do R.E.M., Nirvana, Afghan Wigs e Sonic Youth, participou da Backbeat Band, banda montada para gravar a trilha sonora do filme "Os Cinco Rapazes de Liverpoool", interpretando músicas dos Beatles.

Em 1995, participou em uma faixa do álbum "Ball-Hog or Tugboat?" de Mike Watt (ex-Minutemen). Em 1999 entrou para a banda de Minneapolis O'Jeez.

Pouco a pouco, o Soul Asylum vai sumindo do noticiário. A banda grava músicas novas para um novo disco, mas a Columbia recusa o material, argumentando a inexistência de um grande hit no disco. A banda não faz concessões e Candy From A Stranger é finalmente lançado em 1998, passando despercebido do grande público. Ironicamente, o disco é um dos mais acessíveis do Soul Asylum, recheado de melodias pop. Imediatamente após o lançamento do novo disco, Sterling Campbell anuncia sua saída da banda, sendo substituido por Ian Mussington.

Em 2000, o contrato com a gravadora Columbia é encerrado. Como despedida é lançada a coletânea "Black Gold: The Best Of Soul Asylum", que faz uma retrospectiva de uma carreira de quase 20 anos.

O futuro da banda parecia incerto, Dan Murphy declarou que eles planejavam ensaiar músicas novas e analisar a viabilidade de manter uma banda de rock hoje em dia. Maiores detalhes não foram divulgados mas ao longo de 2000, Soul Asylum tocou alguns shows em lugares pequenos.

Em 2002, David Pirner lança seu primeiro álbum solo, "Faces And Names" gravado em New Orleans, onde está morando. Na época do lançamento, Pirner deixa claro que o Soul Asylum continua na ativa, e que a banda estaria preparando um novo álbum para 2003, o que acabou não acontecendo. Ao que tudo indica, a banda permanece na espera de uma boa proposta de algum selo para poder lançar o novo disco, enquanto continua sua rotina de shows esporádicos.