Em Lisboa
Não morro mas espero
O Tejo, a água, a ponte
E o Rossio
Em Lisboa
Não moro mas espero
Um pouco menos Tejo
Menos frio
Em Lisboa
Vendendo a minha fruta
De azeite e mel de ódio
E Saudade
É dentro de mim própria
Que eu tropeço
Num degrau de ternura
Da cidade
Em Lisboa
Gaivota que navega
No Terreiro do Paço
Por acaso
Encontro a dimensão
da minha entrega
num aterro onde me enterro
a curto prazo
Limoeiro
Limão do mar da palha
Palha podre de tédio
Rio surpresa
Desta Lisboa de água
Que só falha
Quando céu azul
Sobra tristeza
Lisboa
Meu amor, minha aventura
Em cada beco só
Uma saída
Alfama, meu mirante
De lonjura
Má fama que a nós todos
Dás guarida
Em Lisboa
Gaivota que navega
No Terreiro do Paço
Por acaso
Encontro a dimensão
da minha entrega
num aterro onde me enterro
a curto prazo
Mas nesta angústia
Que eu canto
Lisboa, Lisboa
Não vem ao caso