Tá vendo aquele velho, jogado na calçada
Com olhar e mãos cansadas, mendigando com paixão
Dizem que antigamente, era um jovem competente
Um trabalhador decente, tinha lar e profissão
Mas o tempo fez seus planos e com traços tão estranhos
Só deixou perdas e danos e os seus sonhos pelo chão
Igual a tantos miseráveis, que não pesam na balança
Da justiça dos que não tem coração
Nós também somos responsáveis por todos esses velhos
Deixados como herança, quer queira ou não
Cada um por si, jamais é Deus por todos
Cada um por todos é tudo e muito mais
Se não há paz nos olhos teus, não haverá nos meus
Se a um criador, em toda a criatura
Se estamos todos unidos aos demais
O que se faz por esses erros, se faz também pra Deus
Tá vendo aquele moço, perdido
E sem destino pelo álcool e pelas drogas
Tem delirantes coquetéis
Dizem que quando menino, humilhado e oprimido
Brincava de prender muitos bandidos dos quartéis
Numa trilha de surpresas, emboscadas e malícias
Transformou-se em presa fácil, da polícia e dos cartéis
Tá vendo esse menino, um olhar de cão sem dono
É mais um filho do abandono, no rancor da rejeição
Ele trabalha nas esquinas, tem vidros de automóveis
Vendendo drops, esparras de corta o coração
É um pássaro sem ninho, carente de carinho
Sem pai, sem mãe, sem nome, sem nenhuma proteção
Composição: Sílvio Brito / Ademir Martinss