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Berrante da Meia Noite

Silveira e Silveirinha


Eu vou contar uma história
Publicada nos jornais
Dentro de uma mata virgem
Lá no sertão de Goiás
Regulava meia noite
Quando via os sinais
Um berrante repicando
E o grito do capataz
Um caboclo ali passava
Quando ouvia os tristes ais
O seu corpo arrepiou
Porque o medo foi demais
Boiadeiro a meia noite
Não existe em Goiás.

E dentro de poucos dias
A notícia esparramou
Um homem sem religião
Deste fato duvidou
Foi dormir dentro da mata
Pra mostrar o seu valor
Quando foi a meia noite
Um berrante repicou
Ele tentou a correr
Mas seu corpo bambeou
Chegou uma voz e disse:
- Meu amigo aqui estou
O que eu passei na vida
Vou contar para o senhor.

Declamação - Silveira
A muitos anos atrás
Eu era um boiadeiro
Que transportava o meu gado
Por este chão brasileiro
Por maldade e covardia
O meu falso companheiro
Que tirou a minha vida
Pra roubar o meu dinheiro
Me deixou dentro da mata
Bem pertinho de um cruzeiro
Onde eu toco o meu berrante
Relembrando os companheiros
Não esqueço um só momento
A ingrata solidão
Em ter deixado os meus filhinhos
Na mais triste judiação.

Declamação - Silveirinha
Amigo, mil vezes lhe peço perdão
Duvidei deste teu fato
Por eu não ter religião
Me contaste e tua história
Cumpriste sua obrigação
Vou dizer para teus filhos
Que tu ganhou a salvação.

Cantado
Vou deixar meus companheiros
E as matas de Goiás
Eu vou viver lá no céu
Bem juntinho dos meus pais
Berrante da meia noite
Agora não toca mais
Berrante da meia noite
Agora não toca mais.

Composição: Seresteiro/claudino Silveira





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