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Coruja Muda (part. Chico César)

Siba

Alô amigo
Eu vim aqui perguntar
Se você pode tirar
Em breve uma foto minha
Não é nadinha
De motivo especial
Só uma foto normal
Que eu pretendo emoldurar
Pois quando o tempo passar
Pode ser que ela até faça
Parte de um museu sem graça que ninguém quer visitar
(Parte de um museu sem graça que ninguém quer visitar)

Na foto eu quero
Vale, montanha, horizonte
Floresta cobrindo o monte
Neblina engrossando o ar, pra quem olhar
Dizer que até está sentindo
Cheiro de chuva e ouvindo
Um trovão no bombardeio
Não é bonito e nem feio
Tudo de nuvem coberto
O longe abraçando o perto e a tempestade no meio
(O longe abraçando o perto e a tempestade no meio)

Não se incomode
Se de repente os insetos
Venham da mata, inquietos
Voando sem direção, perceba então
Fora do enquadramento
Que o tempo passa mais lento
E o menino dá risada
Brinca ligando pra nada
Lindo, correndo e pulando
E diz pra mim, vez em quando, você não sabe de nada
(E diz pra mim, vez em quando, você não sabe de nada)

Não tenha pressa
Pode esperar descansado
Que o vento muda de lado
E empurra a nuvem no ar pra o Sol passar
Dentro da chuva um momento
Fazendo a barba do vento
Ficar da cor de urucum
Faça uma foto comum
Do tempo dando um passeio
Se eu nem estiver no meio, não tem problema nenhum
(Se eu nem estiver no meio, não tem problema nenhum)

Pois se eu tivesse
Minha imagem controlada
Só uma foto e mais nada
De mim eu permitira, nela estaria
Meu rosto de meia idade
Olhando muito à vontade
Como quem está meditando
Só quem demorasse olhando
Veria a Coruja Muda
Que ri de mim quando estuda tudo que eu disse cantando
(Que ri de mim quando estuda tudo que eu disse cantando)

Composição: Sergio Roberto Veloso de Oliveira





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