Eu tenho inveja dos mansos
Desses que aceitam a vida
Desses que lambem seus calos
E seguem na mesma trilha
Dos que cultivam suas rosas
Independente da sina
Independente do porte
Do inço que se capina
Eu tenho inveja dos mansos
Dos que agradecem a Deus
Um resto de pão na mesa
Um pouco de água pra os seus
Desses que dormem serenos
Saltando antes do Sol
Constroem sem ter tijolos
E pescam sem ter anzol
Eu tenho inveja daqueles
Que vivem na claridade
Suportam o desespero
E creem na humanidade
Eu tenho inveja dos mansos
Gigantes do coração
Que acharam na tolerância
A força que há no perdão
Eu tenho inveja dos mansos
Que vão trilhar todo dia
Que erguem com esperança
Suas velas na ventania
Eu tenho as mãos retalhadas
De derrubar as paredes
E minha alma estropiada
Se afoga na própria sede
Quem leva golpes do mundo
Que mostra a outra face
Sabe que a cada segundo
Seu horizonte renasce
Porque viver não se trata
Da mão letal de quem bate
Mas de uma flor que resiste
Semeando amor no combate
Eu tenho inveja daqueles
Que vivem na claridade
Suportam o desespero
E creem na humanidade
Eu tenho inveja dos mansos
Gigantes do coração
Que acharam na tolerância
A força que há no perdão
A claridade da humanidade
A força que há no perdão
A claridade na humanidade
A força que há no perdão