Eu venho dos campos verdes onde canta a primavera
Sou a saudade primeira olhando os olhos do tempo
Sou água azul das cascatas que brota por sobre os montes
E o verdejante das matas brilhando no horizonte.
Ai,.... sou herança dos rangidos das cancelas
E sobra de muitas guerras
Eu sou o rastro do boi na estrada de chão batido
E o carro nuca esquecido das carreadas que já fez –
O cantar do quero-quero e o mugido da boiada
Estrela da madrugada na trilha de um camponês.
Ai, ... sou herança do fogo de chão rasteiro
E lagrimas de um carreteiro.
Eu sou o véu da esperança de um sonho ainda menino
Sou alma de um peregrino buscando ruma da sorte –
Sou ancião desta terra de cabelos prateados
E o grito desgovernado do vento que me governa.
Ai ... sou herança machado que corta fundo
Entre as entranhas do mundo.