Raul Torres e João Pacífico
Toada
De tarde volto pro rancho e descarrego o cargueiro
Eu solto a tropa no pasto, prendo o baio no potreiro
Boto milhos pras galinhas, boto milho no chiqueiro
Aparto todo o meu gado, todo o meu gado leiteiro.
Depois de todo o trabalho eu volto pra descansar,
É na soleira da porta eu sento pra cachimbar;
Ali eu vou me entretendo vendo as rolinhas voar
Pois moram todas comigo nas árvores do meu quintal.
Desse bando de rolinha só uma não quis ficar
É uma rolinha arrisca que muito me faz penar
Esse rolinha que eu digo é a derradeira a passar
Deixando um ninho já feito pra noutro ninho pousar.
Essa rolinha cabocla que passa no meu caminho
Bem sabe que nesse rancho vive um caboclo sozinho;
Rolinha, se tu quiseres eu te darei meus carinhos -
Um pouco e dois é bom pra viver dentro de um ninho.
Se tu, rolinha malvada soubesse a vida cruel
Que eu vivo só nesse rancho sem carinho de mulher.
Rolinha em forma de gente que passa pelo sertão
Hás de cair neste laço que eu fiz no meu coração.