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Valsa do Pierrot

Salomão Di Pádua

Se brilhasse em luz o meu olhar
No exato instante em que o amor
Por ti traduza a ânsia do viver,
Mistérios do existir
Estranha luz, seria mais
Que a luz do sol
É a luz do ser e a força da paixão
Deslumbraria a tua indiferença
Em face desse amor maior
Que estás aqui pra ser mulher

Ser mulher é apenas ser paixão
Ter em si o gesto de encantar
Iluminar com a luz da ilusão
Os montes do viver,
Doce ilusão e ser amor
Virar canção,
Deitar prazeres para o amado seu
E deslumbrar, mas tua indiferença
Em face de amor maior
Faz-me não mais que um pierrot
Da colombina que perdi

Mas outros carnavais
Trarão incríveis arlequins
Diz-me como hei de suportar
A dor de ter paixão
De ser e não existir, de só resistir
Se nasci pra amar
Eu não sei seguir,
Pois és mais estás além de mim

E novos carnavais
Trarão incríveis solidões
Diz-me como hei de prosseguir
Sem ti pois sou pierrot
Pierrot, não mais que um ator,
Não mais que um cultor
Não mais que um cantor do amor

Ser pierrot é apenas ser paixão
Ter mania e gosto de encantar
Iluminar com a desilusão
Os rios do sofrer,
Árduo sofrer e ser cantor
Virar canção,
Deitar prazeres que não foram seus
E deslumbrar, mas tua indiferença
Em face de amor maior
Faz-me não mais que um pierrot
Da colombina que perdi






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