Gostei de uma prenda e fui visitá-la
Mas entrei na sala já dando mancada
Eu disse pro velho se não amarela
Nunca mais no mundo que eu vou à manada
E a moça sentada bem longe num canto
E o velho era um santo cuidando o embalo
Pedi pro danado sair um momento
Fosse agarrar um vento e cuidar meu cavalo
- Mas o velho não era de laçar com sovéu curto.
Deu uma torcida no bigode e me respondeu, o desgraçado:
Cuidado mocinho não vem que não tem
Comigo o negocio é na ponta da faca
Eu quero pra genro um moço como tu
Mas se tu quer mumu, vê se compra uma vaca.
Na outra semana eu vim com mais raça
Para fazer pirraça pro velho carancho
Soltei meu cavalo no campo do meio
Larguei meus arreios na porta do rancho
E veio a chinoca e eu levei a canção
Pois eu tenho um violão que é meu amigo
Eu disse pra ela, tu vê se te agrada
Que é pouca pegada e eu caso com contigo.
- Mas morena se largou de lado e foi à cerca e me respondeu
Com aquela voz sensual que lhe é peculiar:
Não vem que não tem que eu conheço tua fama
Tu vive no mundo batendo matraca
E tu não tem ninho, pois tu é como anu
E se tu quer mumu vê se compra uma vaca.
Mas sou teimoso e voltei a dizer mais um versinho:
Mas eu sou teimoso mesmo contra o vento
Sou meio nojento no braço do pinho
Eu sei que no amor não adianta ter pressa
Sou bom na conversa, sou bom no carinho.
No fim me casei com a prenda faceira
E La na fronteira eu vivo contente
E o velho esqueceu a nossa desavença
E pediu licença pra morar com a gente.
Há! Aí foi eu quem respondi pra veio:
Tu pode morar, mas não vem que não tem
Todo fim de mês deixa vinte patacas
Não vou sustentar um velho como tu
E se tu quer mumu, vê se compra uma vaca.
Ah, veio tu acha que além de dar bóia, cama e comida
pra essa guria vou ter que sustentar um velho como tu?
Se tu quer mumu, velho, compra uma vaca, pô!