Eu não sei se eu sigo a ver navios
Ou se ponho neles os animais
E deixo pra nós o que nos cabe, porque
Se na briga entre dois elefantes
Quem se ferra é a grama
Diga-me: qual é o rato que irá apartar a nossa ira?
Antes que acabem minhas lágrimas
permita-me dizer
Eu tenho fé
Me tornei cego, surdo e mudo
Se isso não te acalma, então não sei o que!
Se você não entende o meu silêncio
Como entenderia as minhas palavras?
Minhas razões?
Já propus nossa paz
Já tentei uma trégua
Eu fui João, fui Felipe e não deu
Troquei o bairro
Mudei de cidade
E cá estou numa nação
Que sofre de câncer e se luta por dor de cotovelo
Onde não se sabe lidar com Reis e Princesas
Aqui só damos valor aos bobos da corte
Me tornei cego, surdo e mudo
Se isso não te acalma, então não sei o que!
Se você não entende o meu silêncio
Como entenderia as minhas palavras?
Sei que as lágrimas são o sangue da alma
Deus as entende e eu as entrego
Enquanto formos maus aos outros
Seremos piores para nós mesmos
Tudo passa, difícil é saber o que sobra
O que restou de nós
Só o tempo irá dizer
Composição: Guilherme de Sá