"No ano de 2008, Cartola completaria 100 anos. E fizemos (Arlindo e eu) essa homenagem a ele. É como se ele voltasse à sua comunidade (Mangueira) e comparasse a realidade de hoje com a da sua época. Cartola imortal!"
Os barracos de hoje são de alvenaria
Não têm mais o silêncio da Ave-Maria
Hoje tudo é segredo
E circula o medo em cada viela
Hoje o morro tem dono e também tem disputa
Um total abandono, filhos que vão à luta
Gente que não se cansa
Poesia, esperança e amor à favela
A música mudou
A rosa já não fala
Não canta nem sorri
O encanto acabou
Injustiça e dor é o que tem por aí
Crianças sem controle, sem o valor da vida
Comunidade chora a mocidade perdida
Mas ainda tem malandro que chega tarde em casa
E que implora à patroa
“Meu amor, me perdoa”
Pra ficar numa boa
Ensaboa mulata, ensaboa
Mas ainda tem malandro que chega tarde em casa
E que implora à patroa
“Por favor, me perdoa”
Pra ficar numa boa
Ensaboa mulata, ensaboa
'Tô lavando a minha roupa
Lá em casa estão me chamando, dondon
Ensaboa mulata, ensaboa
Ensaboa, tô ensaboando'.