Sossega, coração, não desesperes
Talvez um dia, para além dos dias
Encontres o que queres, porque o queres
Então, livre de falsas nostalgias
Atingirás a perfeição de seres
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo
Pobre esperança a de existir somente
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente
Como faz mal ao sonho o concebê-lo
Sossega, coração, contudo, dorme
O sossego não quer razão nem causa
Quer só a noite plácida e enorme
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme