A multidão...
Vem a pé.
E o que eles veem, só não vê...
E foi na rua onde eu nasci
Vi um prédio em pé...
Tudo era tão maior do que é!
Encostado à vila, em frente ao sinal da lei
Uma placa acesa, um muro de enfeite...
Num cartaz num dia lindo,
Era a paz enfim.
Sem um beco, sem um negro, marfim.
E o que eles veem, só não vê...
Quem não quer ver...
Cada um daquela vila ia ver por mês,
O que dava pra sonhar, por mais três.
Mas a dona da esquina disse: "a vista é nossa!"
Não a preço meu terreiro, quem possa...
Se na selva do dinheiro, sobrevive quem tem dente,
Do meu pé o vento leva a semente.
E o que ela vê, só não vê...
Quem não quer ver!
Pra cada um com um milhão,
Um milhão sem um sequer.
Quem não quer ver...
Nem pra comer...
Quem não quer ver...